Google+ Tribuna Estudantil - O Jornal do HD: 2020

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A assistência de enfermagem no cuido paliativo

 

Poucos sabem como surgiu o cuidado paliativo. Historiadores afirmam que na antiguidade, durante as Cruzadas na Idade Média, encontravam-se "hospices", uma espécie de abrigo ao longo do caminho, que abrigavam pacientes, famintos, trabalhadoras, órfãos, pobres e leprosos. Contudo, pouco se tem discutido acerca da assistência de enfermagem perante pacientes que exigem esses cuidados. Observando o cenário da assistência em saúde no cuidado paliativo, faz-se necessária a adoção de medidas para que tal assunto ganhe mais visibilidade. 

A medicina paliativa no Brasil ainda se trata de um processo lento. Muitos profissionais de saúde nem mesmo entendem o conceito de prestar assistência multiprofissional a pacientes com doenças, que rapidamente levarão suas vidas. "Vemos o paciente de uma forma completa, global e trabalhamos com suas necessidades físicas, psicossociais e espirituais," explica Dr. Marcos Montagnini, que atualmente é diretor do Programa de Educação em Medicina Paliativa da Universidade de Michigan (EUA).  Além disso, visa-se à otimização de recursos dispostos no hospital, seja ele público ou privado, evitando que sejam gastos com tratamentos em pacientes sem um prognóstico bom. Logo, profissionais que não estão qualificados para um atendimento voltado para o conforto deixarão a desejar no acolhimento.

Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. As ações incluem medidas terapêuticas para o controle dos sintomas físicos, intervenções psicoterapêuticas e apoio espiritual ao paciente, desde o diagnóstico até o óbito. Para os familiares, as ações se dividem entre apoio social e espiritual e intervenções psicoterapêuticas, também do diagnóstico ao período do luto. Para tentar diminuir essa carência, é necessário que profissionais de saúde sejam qualificados para exercer tais cuidados, quebrando o tabu que a morte traz, tornando-a algo mais leve e natural.


Ensinando a ensinar

 

Ensinando a ensinar

 

Caros leitores, no último texto expliquei por que devemos encher o mundo com conhecimento e dedicação, agora vou tentar dar algumas dicas práticas sobre como/quando ensinar, vamos por tópicos:

- Atente-se ao momento: Uma vez um amigo meu vegetariano me disse o seguinte, que se ele quisesse convencer a alguém a se tornar vegetariano, ele nunca deveria começar falando disso num churrasco de família. O raciocínio é simples: em um churrasco, a maioria das pessoas vão com intenção de comer carne, elas na maioria das vezes não vão estar dispostas a abdicar daquela refeição naquele momento porque um jovem está com pena dos animais; o meu amigo poderia usar todos os melhores argumentos da face da Terra para convencer o pessoal. O problema não seria o debate, mas a ocasião, as pessoas não estariam abertas a aprenderem sobre isso. Ao invés disso, é melhor você entrar nesse assunto despretensiosamente, enquanto bebem um refrigerante num passeio no parque por exemplo, pois as pessoas estariam mais abertas àquela conversa. Muitas vezes quando as pessoas começam a debater sobre feminismo, elas não querem realmente aprender, querem xingar, ou se dizerem donos da verdade. É preciso observar esses aspectos para que as pessoas não criem um bloqueio sobre o assunto que você quer debater.

- Por favor, não xingue: Eu sei… É difícil ver um homem dizer que mulher não tem a capacidade de entender sobre futebol sem ao menos pensar na palavra “sexismo” ou ver um homem dizendo que mulher dele tem que lavar, secar e cuidar dos filhos enquanto ele toma a cervejinha de domingo, é muito difícil não dizer “Ah! Que machista!”, mas é extremamente necessário. Principalmente porque as mulheres têm cada vez aprendido mais sobre o feminismo e tudo que se relaciona a ele, logo ela aprende o nome dos movimentos, a estrutura, o nome das atitudes etc. Com isso, é normal no começo, ao ver o que ela aprendeu, nomear, às vezes é até sem querer, faz parte do processo de aprendizado, é igual quando nós aprendemos sobre rimas e quando vemos um slogan na televisão gritamos “olha! Isso rimou!”, mas esse comportamento, de nomear as atitudes das pessoas por mais que sejam incoerentes é um tiro no próprio pé, pois as pessoas que possuem esses comportamentos, na maioria das vezes, não sabem que é errado, não sabem sobre feminismo etc., a única coisa que elas sabem é que o termo “Machista” é algo ruim e então aparece uma moça e a primeira reação dela é dizer “Nossa, que machista!”. E ao invés dessa pessoa que errou aprender algo e não fazer de novo, o que acontece? Ela diz que o feminismo é o inferno na Terra, que as feministas são sujas e peludas, que as mulheres estão cada dia mais chatas, é ataque por ataque. E isso não nos leva a lugar algum, vou contar uma história para exemplificar.

  Uma vez minha mãe e eu estávamos no supermercado, e havia um homem no caixa xingando muito uma moça que também trabalhava no caixa, ele gritava com ela, usava palavrões etc., eu e a minha mãe ficamos do lado da moça, obviamente, que estava calada, nós falamos “Moço, você tá ficando louco? Não pode xingar a menina assim, não, seu machista!”.  Você acha que o moço de repente se tocou dos seus erros e pediu desculpas arrependido? Porque no fundo era o que eu e minha mãe queríamos. Não! Ele começou a xingar a mim e a minha mãe. Você acha que depois disso minha mãe se tocou que havia feito algo errado e pediu desculpas? Claro que não... Ataque por ataque. Naquele dia, não houve conhecimento, debates calorosos de mentes sedentas por saber, não. Todos saíram prejudicados, a moça foi xingada, minha mãe, o moço. Eu e minha mãe ficamos com tanto medo dele partir para a agressão física que saímos do mercado, e aquele dia eu tive a certeza de que o feminismo era algo ruim. Não! Apenas o modo como lidamos com ele. Hoje eu penso que, na hora, poderia chamar o gerente para ele resolver, pegar o número de celular da moça, fazer amizade com ela, procurar saber o que aconteceu, chamar ela para uma roda de conversa entre mulheres, fazer um clube do livro sobre feminismo, voltar ao supermercado, ser gentil com o moço e convidá-lo para um debate sobre feminismo. É meus amigos… mudar o mundo é difícil, mas eu garanto que vale a pena. E agora, mesmo que eu volte àquele mercado e os dois personagens desta história estivessem no mesmo lugar, eu garanto que iria ser três vezes mais difícil convencer o moço de que o feminismo é uma coisa boa. Porque, mesmo sem querer, na visão dele, o feminismo o xingou.

- Tente incluir os homens: O movimento feminista preza pela igualdade de direitos entre todos os indivíduos da sociedade, então por que quando há um vídeo falando sobre feminismo, as mulheres costumam compartilhar somente entre elas? E para essa pergunta há muitas respostas, mas acho que a principal é: O medo, medo de descobrir que nossos amigos também são machistas, medo de rirem da nossa cara, medo de perguntarem ironicamente “Você é feminista?”. Medo de não verem a indicação com bons olhos, medo, muito medo. Mas o feminismo é em si o desejo de igualdade entre todos, os homens e principalmente eles, devem ser incluídos nesses assuntos, nós mulheres nunca vamos conseguir transformar o mundo sozinhas, muitas de nós estão envolvidas nos assuntos feministas, mas os homens, não. E esse assunto é pra ontem! Como vamos diminuir o machismo se os homens, que são os protagonistas dessa história, não sabem direito o que machismo significa, se eles acham que é normal pedir para a mulher tirar o batom vermelho, ou se eles se sentem superiores as mulheres de alguma forma. Homem, se você estiver lendo isso, muito obrigada, de verdade, eu não estou dizendo que todo homem se comporta de tal jeito ou maneira, estou dizendo que muitos se comportam, eu sei que existem milhares de homens muito bons, querendo aprender e querendo ver o mundo também um pouco melhor, nós mulheres precisamos da sua ajuda, se puder, passe adiante o seu conhecimento e este texto, e assim, suavizamos o amanhã, nem que seja, leitor por leitor.


Horizonte

Por André Lucas Antunes Dias, 3.9

 

Horizonte

 


Procurava por um certificado

Mas isso só certificava a hierarquia

E eu sempre enxerguei em tons vermelhos

Vermelhos demais

Para me considerar tão ouro

E não parte do todo


terça-feira, 24 de novembro de 2020

Testamento às almas perdidas

 

Por Vitória Maria Gava Ferreira, 3.9

 

Testamento às almas perdidas


 

Eu bem me lembro do dia em que senti vergonha do Sol, das vezes em que me machuquei, para ter certeza de que ainda sangrava, para saber se ainda estava viva, e na verdade, não estava. Quem escreve esta carta já esteve morta, não a morte carnal na qual o corpo é presenteado à terra, mas a pior morte de todas, silenciosa e infinitamente dolorosa, a morte da alma.

Viver não fazia sentido, viver era dor, minha respiração me incomodava, e muitas vezes tentei me encontrar com o anjo da morte. Eu acordava querendo dormir, esperava o dia passar angustiosamente, e muitas vezes de noite chorava até dormir, alguma delas com uma sacola na cabeça ou uma corda presa ao pescoço, consequência das minhas inúmeras tentativas inválidas de acabar com aquilo que sentia, acabar com a dor, e parecia que ela nunca iria embora, que havia me escolhido para me perturbar enquanto existisse, eu me sentia como em um inferno pessoal, como se tudo no mundo existisse para me iludir, e no fundo me causar ainda mais frustrações.

Eu sei que terão pessoas que acharão este texto lúgubre demais, mas eu também sei que em algum momento terá alguém que lerá estas frases com lágrimas nos olhos, triste, se identificando com cada palavra, e este testamento é especialmente dedicado a você.

Eu não sei muito bem o que falar para te convencer, pois eu já senti isso e sei que é muito difícil acreditar na felicidade, acreditar que tudo vai mudar. Eu achava impossível. Eu acreditava que o mundo era um lugar sombrio, repleto de dor; para mim, todas as pessoas deviam morrer também, pois as atitudes extravagantes do ser humano não afetavam incansavelmente a ele, mas também as outras formas de vida, os animais, as plantas, o homem não é somente o lobo do homem, é também o lobo de tudo.

Mas o homem também pode salvar, existem pessoas boas, ou ao menos que tentam ser boas e isto já deveria contar, afinal nascemos, temos consciência de tudo ou boa parte do que está ao nosso redor, mas não ganhamos nenhum manual de como viver. O homem estraga, mas tem a capacidade de consertar, o homem também pode deixar melhor. O homem é o ser mais confuso do universo, a ele pertence a solidão e a perdição, mas também a solidariedade, o amor e o revigoramento.

E foi com a ajuda do homem que eu saí deste buraco em que eu estava presa há tanto tempo que parecia não ter fim. Primeiramente, esta parabenização pertence a mim, eu precisei suportar muito para chegar até aqui, precisei de paciência, força de vontade, eu não trilhei um caminho perfeito, retilíneo, não! Como tudo na vida, houve contratempos, passos à frente, passos para trás, curvas e devaneios, mas depois de um tempo, já comecei a ver a estrada colorida, comecei a acreditar na felicidade, pois ela também me acompanhou por alguns momentos, e a dor deixou de me seguir, ela não desapareceu. Agora eu não a sinto o tempo todo, somente quando ela realmente deve se apresentar, e tem sido maravilhoso.

Não houve fórmula mágica, ou algum tipo de ritual religioso, eu apenas comecei a fazer tratamento psiquiátrico e psicológico, eu tomo alguns medicamentos e tento dar o meu melhor, me expressar ajuda muito! Principalmente se você tem o hábito de se machucar propositalmente, experimente desenhar, cantar, dançar, tocar algum instrumento, não se preocupe com a beleza, tente externalizar o que está sentindo, mesmo sabendo que é impossível, tente! Praticar exercícios físicos, conversar com pessoas de que você gosta também ajuda bastante, mas não se cobre demais, tome seu tempo, faça o que for melhor para você!

Mas, por favor, se você sente parte das coisas que citei acima, não espere! Procure ajuda imediatamente, converse com pessoas ao seu redor, não precisa dizer muito, fale que sente necessidade de ter um acompanhamento médico. E, se você já está em algum tratamento, mas não sente melhoras, ou acha que está piorando, pare! Eu também já passei por isso, o tratamento é algo muito pessoal e precisa ser feito com pessoas de sua confiança, pessoas com quem você se sente melhor quando acaba a consulta, nunca o contrário.

Por favor, não perca as esperanças, eu digo isso quase chorando porque, se eu tivesse feito esta carta para mim mesma no passado, muito provavelmente não teria me convencido, a dor é tão forte que nos cega. Mas hoje eu estou tão bem, finalmente normal! Hoje eu estou feliz, e tenho certeza de que você também estará! Dê uma chance a você mesmo, algo incrível te aguarda! Hoje eu tento dar a você, querido leitor, algo difícil, mas não impossível de se ter, com a minha história, eu tento te dar esperança...

O gênio

 

Por André Lucas Antunes Dias, 3.9

 

O gênio

 


O poeta que procura se isolar no egocentrismo lírico

Se engana ao achar que está falando somente de si

Dissociado do outro

Porque ele é o outro, ele é sua época

terça-feira, 17 de novembro de 2020

A importância de ensinar


 

A importância de ensinar

 

Caros leitores, hoje trataremos de um assunto pouco discutido, mas muito importante. Já citamos aqui que nosso intuito é instruir, passar conhecimento e informação, fazer as pessoas aprenderem um pouco mais, principalmente sobre o feminismo. Mas hoje não discutiremos assuntos específicos do feminismo, mas o próprio ensino. Nós, as garotas do Batom Vermelho, desejamos que você, ao aprender algo conosco, passe esse conhecimento adiante. Explicarei a importância disso e logo depois falaremos sobre dicas de como ensinar melhor.

  Eu, desde pequena, sempre amei livros, meu sonho era ter uma casa com uma enorme biblioteca, hoje em dia esse sonho não cabe mais a mim, não pela falta de entusiasmo ou desinteresse, mas pela filosofia que isso traz. Imagine eu em uma casa enorme, repleta de livros, um sonho para quem ama ler, mas eu sou uma pessoa só e, trazendo esse sonho para a realidade, teria que passar um bom tempo limpando todos os livros da sala, e para quê? Afinal sou uma pessoa só e demoro para ler um livro inteiro, além disso, leio um por vez, então para que milhares apenas juntando poeira, sendo que se não estivessem na minha casa poderiam estar nas mãos de bons leitores, ajudando suas vidas, trazendo lazer, diversão? Depois que parei para pensar sobre o meu sonho da casa com a biblioteca, percebi que era um sonho vazio, então decidi doar boa parte dos meus livros. Não está sendo fácil, mas já me desfiz de alguns que li e, na contracapa, eu sempre escrevo uma frase simples e poderosa que tem tudo a ver com este texto “Conhecimento guardado é conhecimento perdido”.

  Quanto mais sabemos, menos alienados, mais fortes, mais abertos à resolução de problemas; quanto mais conhecimento, melhor. Fato! Até mesmo quando você começa a ler Friedrich Nietzsche, se debruça em cima do niilismo e chora como se não houvesse amanhã, ainda tem a parte do Übermensch, ou, como falam aqui no Brasil, o Super Homem de Nietzsche, que na minha opinião é uma luz em meio ao caos. Até mesmo esse filósofo tem frases deveras otimistas como “É preciso ter o caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante”. Quando aprendemos, mesmo ao passar por períodos turbulentos, sempre chegamos a algum bom lugar, pois mesmo ao perceber o caos do mundo, começamos a pensar em como lhe trazer no mínimo uma luz.

  Leonardo da Vinci fala sobre conhecimento nesta frase: “O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã.” É este meu desejo: suavizar o amanhã. Mas para obter uma melhora é preciso saber primeiro o que melhorar, é preciso saber o que há de errado, o que podemos fazer para melhorar, como e qual a melhor maneira, como fazer isso mais rápido. Como fazer com que as pessoas queiram aprender? Como ensinar? Como convencer pessoas que estagnaram em uma opinião que muitas vezes nem pertence a elas, apenas não foi questionada? Tudo bem... Respira, escritora, respira... Até o narrador desse texto sabe como a autora se empolga ao falar sobre este assunto (conhecimento, no caso).

Um aviso: eu provavelmente vou dar um nó na sua cabecinha hoje, que espero amenizar depois, quem sabe fazer um laço? Com certeza, muitos de vocês conhecem a seguinte frase “Só sei que nada sei.” de Sócrates. Essa frase, por mais inusitada e paradoxal que pareça, é o início do conhecimento; nós não sabemos, nós devemos questionar absolutamente todas as coisas, chegar a uma conclusão para depois de ter certeza que sabe, questionar o que já foi aprendido e aprender que não sabe nada, mas sabe alguma coisa, e mesmo assim correr atrás para saber mais, e quando souber, descobrir que não sabe. Confuso? Talvez. Trabalhoso? Demais. E sabe por que fazemos isso? Porque o universo não veio com manual de instruções. Se você for parar para pensar, está todo mundo aprendendo a viver, crianças, idosos, todos os dias, todas as horas, e o que podemos fazer é tentar melhorar este mundo confuso para as próximas gerações, com conhecimento. Pense por um segundo se todas as pessoas do mundo pensassem que já sabem de tudo... Ninguém aprenderia, não haveria evolução.

 Sim, pessoas, eu não sei, a Isabela não sabe, e o que estamos fazendo aqui nesta coluna, então? Aquela parte trabalhosa: tentando, questionando, pensando, aprendendo, desaprendendo, aprendendo mais e tentando fazer outros se juntarem a nós.

“O ser humano era fruto das próprias escolhas”

 


“O ser humano era fruto das próprias escolhas”

 

Desde o nascimento, nos é ensinado o que é certo e errado e a partir daí reproduzimos valores impostos pela sociedade. Isto quer dizer que agimos conforme regras impostas, sendo recompensados quando seguimos as regras e castigados quando as infringimos.

Mesmo assim, somos livres para agirmos dentro dos limites impostos pela ética e pela moral. Essa liberdade parte do princípio do respeito aos direitos alheios. Entretanto, na vida prática não existe o respeito ao homem em si, o que existe na consciência humana é o respeito a si mesmo, a busca constante para si próprio. Nossas decisões são diretamente ligadas a ética e moral, uma vez que, como citado anteriormente, elas podem afetar positiva ou negativamente na maneira como somos vistos por outras pessoas.

A citação de Aristóteles é verídica, somos fruto das nossas próprias escolhas, nosso futuro depende das nossas ações presentes. 


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

INFANTO-JUVENIL

 

Por Vitória Maria Gava Ferreira, 3.9

 

INFANTO-JUVENIL


 

O caos se instala no peito

Eu procuro a estrela dançante

A cor púrpura na veia cava inferior

Mas o preto encharca os olhos

Escorre

E a pele absorve

Queima

Cicatriza

Eu esqueci qual cor é o roxo

Preto, só enxergo preto

De algum modo me sinto mais forte

Como um café amargo

Relutante

Impaciente

Quente.

"KKK não são potássios"

 

Por André Lucas Antunes Dias, 3.9

 

"KKK não são potássios"


“KKK não são potássios”. Assim o rapper belo-horizontino FBC consagra sua participação na música Poetas no Topo 2. Apesar de aparentemente inofensiva, essa frase, e seu contexto, diz muito. Mas, para entender isso, precisamos falar de Karl Marx, Estruturalismo, Positivismo, Viviane Mosé e Nietzsche.

Você já deve saber que, segundo o filósofo alemão Karl Marx, a sociedade segue um movimento dialético, ou seja, em que opressores sobem ao poder e exploram a força de trabalho dos oprimidos até que esses se voltem contra eles. Todavia, o que você talvez não saiba é que, posteriormente, Louis Althusser, filósofo estruturalista francês, utiliza desse conceito de Marx para analisar a Escola. Segundo seu pensamento, essa instituição é um aparato reprodutor da ideologia burguesa, em outras palavras, o pensamento dos opressores. Observe: A cada bimestre, estudamos para conseguirmos a nota máxima nas provas; essa estrutura, reproduz nitidamente a hierarquia do capitalismo: ou você é eficiente o suficiente para chegar ao Topo, ou então você está fadado à mediocridade. O aluno nem sequer tem uma educação individualizada. As turmas são dispostas em, usualmente, fileiras de 10 alunos cada. Logo, ele precisa acompanhar o ritmo dos outros no mesmo tempo, não importa se o seu processo de aprendizagem é mais lento, pois esse é o capitalismo, você não escolhe onde nasce, você apenas nasce e deve trabalhar para chegar ao status da burguesia. Nos anos finais na Escola, começamos a nos dar conta de que em breve prestaremos vestibulares e, novamente, precisamos ser os melhores. A pergunta que fica é: Por que o Estado não se propõe a proporcionar uma Universidade gratuita para todos? Não somente para quem tem cotas (importantes, mas não o suficiente), mas para todos. Por que ele não pensa em um sistema que não se baseia em notas? Ele não o faz porque serve aos interesses burgueses, do empresariado que ganha cada vez mais força através da ascensão do neoliberalismo, doutrina econômica surgida nos anos 1980, principalmente nos Estados Unidos e Inglaterra, que prega a intervenção mínima do Estado na economia, ou seja, a indústria move a sociedade.

Em face disso, a frase “KKK não são potássios” começa a ganhar mais substância. KKK é a sigla para Ku Klux Klan, organização extremista religiosa, reacionária, anti-imigração, de extrema direita, e que acredita na supremacia do povo branco. Ela surge em 1860 nos Estados Unidos, isto é, 5 anos antes de abolir-se a escravidão no país. Contrário a essa medida, o grupo utilizava-se de ataques terroristas ao povo negro. Na música, ela, KKK, aparece como um significante: Um símbolo que ainda não ganhou significado e que, por isso, cabe ao sujeito atribuí-lo. O eu lírico, ataca um desses significados que alguém poderia imprimir nela: potássio. Elemento de número atômico 19 da tabela periódica, ele é representado pela letra K. Assim, ele afirma que o K da sigla ligada a um movimento sociocultural teria sua maior associação pelos ouvintes a um mero símbolo do conhecimento científico. Análogo a isso, o sociólogo Auguste Comte, considerado até mesmo o “pai da sociologia”, no século XIX, afirmava que a evolução das civilizações segue uma linha reta, passando pelo estado metafísico, no qual o ser humano não desenvolveu um conhecimento bem estruturado e, por isso, recorre a explicações de correlação entre causa e efeito falsas; assim como pelo estado teológico, no qual, os indivíduos já atribuem a razão dos fenômenos naturais a entidades místicas, ligadas à religião; por último, o estado positivista seria o estágio final e mais perfeito dessa evolução, no qual, com o método científico, o ser humano é capaz de explicar tudo o que acontece na natureza. Essa visão linear da história levou a, no mesmo século, se popularizar a ideia de “Ordem e Progresso” presente na bandeira do Brasil. O país havia acabado de passar pela República da Espada, comandada por militares e que, influenciada pelas ideias positivistas da Europa, já via a hegemonia das elites como inevitável, a qual levaria a sociedade para o estado de plenitude positivista. Então, durante a República Oligárquica, contrário a esse idealismo, ocorre a Revolta da Vacina. O pensamento positivista havia influenciado o higienismo, concepção de utilização da ciência para melhoramento das condições sanitárias de uma população a qualquer custo, levando a uma vacinação forçada contra a varíola na população, composta em sua maioria por ex-escravos que viviam no centro do Rio de Janeiro, e, negando essa violência, começou a se deslocar para a periferia, o que hoje conhecemos como Favelas.

Logo, o pensamento cientificista extremista, responsável por negar qualquer manifestação cultural para dar destaque ao “progresso”, ou seja, desenvolvimento tecnológico para aprimoração do capitalismo e, consequentemente, da força de trabalho proletária, por mais que não pareça, ainda está muito presente na instituição Escola. Segundo o filósofo Friedrich Nietzsche, o Ocidente, desde Platão e o seu “Mundo das Ideias”, valoriza excessivamente a racionalidade, fazendo com que o indivíduo não realize seus desejos carnais, não ligados somente ao sexo, mas a tudo aquilo que define “vontade de potência”, em outras palavras, a capacidade do indivíduo de deixar seus pensamentos fluírem baseado em sua subjetividade. A filósofa Viviane Mosé, muito inspirada nas ideias de Nietzsche, diz que a educação incorpora esse culto ao racionalismo quando, na era da informação, da revolução da memória, ainda prepara os alunos para decorarem fórmulas e conceitos que seriam muito mais bem aproveitados se inseridos no armazenamento cibernético e utilizados apenas quando o aluno sentisse necessidade de consultá-lo, enquanto ele estaria desenvolvendo um pensamento crítico de fato ao aprender sobre seu campo cultural de forma mais aprofundada e livre, individual, sem hierarquia. Mas como realizar esse ensino individual? Uma escola para cada aluno? Evidentemente que não. Você já reparou que a escola possui funções muito bem definidas ligadas a uma divisão do trabalho? O faxineiro faxina, o professor ensina, a cozinheira cozinha, o diretor dirige, a professora leciona. Contudo, todos esses indivíduos vivem diariamente no mesmo espaço e observam o comportamento alheio, mas, por estarem presos nessa divisão, não opinam quanto o que sabem sobre o outro. Através de uma Gestão Participativa da Escola, esses funcionários poderiam se tornar agentes diretos do aprendizado, desenvolvendo ideais de empatia e compaixão com os alunos, se relacionando de forma mais próxima com eles, fato discutido com mais profundidade na palestra “O Contemporâneo e a Educação” da pensadora. Dessa forma, “KKK não são potássios” faz crítica ao sistema que prepara os cidadãos para o reconhecimento de símbolos (K) que não dizem nada a respeito de sua história e cultura (KKK como Ku Klux Klan e o apagamento da memória negra). E ainda, logo em seguida, o rapper fala “nos deram negócios, voltamos com S cifrado”, indicando que ele aderiu a essa concepção competitiva do capitalismo, contudo, “falam de negócios, já que são eles o produto a ser negociado, estão na promoção”, ele faz crítica ao trabalhador que se aliena dessa condição, ou, nos termos de Karl Marx, o lumpemproletariado, o proletariado que não tem consciência de classe e não se reconhece como oprimido, devido a reprodução da ideologia burguesa nas esferas da sociedade, como a Escola. A partir disso, seu “S cifrado” foi conquistado não por uma submissão ao modelo produtivo, e sim através do Rap, afirmando sua cultura, frustrações e reivindicações, negando o sistema ao mesmo tempo que participa dele, sendo agente ativo do processo dialético da história. Toda essa substância em poucas linhas, linhas fortes e angustiantes.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Movimentos antivacina

 

Movimentos antivacina

 

A questão da vacinação atrelada à sociedade não se trata de uma intervenção atual, uma vez que a primeira vacina foi criada no século XVIII, por Edward Jenner, pesquisador inglês, que dedicou 20 anos de sua vida para o estudo da Varíola. Em 1796 a experiência feita por ele permitiu a descoberta da vacina e a divulgação do seu trabalho dois anos depois. O que alterou completamente a ideia de prevenção contra doenças e tornou a Varíola a primeira doença infecciosa erradicada por meio da vacinação.

A vacinação é importante para a sociedade, porém, atualmente, têm surgido muitos movimentos antivacina, sendo caracterizados segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) como um dos dez maiores riscos à saúde global. Isso porque ameaçam reverter o progresso alcançado no combate a doenças evitáveis por vacinação, como o sarampo e a poliomielite. Entretanto, os movimentos antivacina vêm crescendo no mundo todo, inclusive no Brasil, que sempre foi exemplo internacional.

O que impede tal problema ser solucionado é a desinformação ou a veiculação de fake news, por meio de plataformas digitais, redes sociais, dentre outros. Uma parcela dos cidadãos, sob influência de argumentos errôneos, passa a negligenciar as vacinas, resultando em um problema para toda sociedade. Segundo a pediatra Eliane Matos, da Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, “Quando uma pessoa é imunizada, protege, de forma indireta, as que não foram”. Por isso a vacinação é algo tão importante a ser discutido.

Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse, tais como ações envolvendo os órgãos públicos, relacionados à saúde e a educação, provendo conscientização à população, através de palestras, trabalhos sociais, verificação do cartão vacinal nas escolas, uso de folders informativos, etc. Cabe à população ser mais seletiva perante as notícias veiculadas na internet, buscando sempre pesquisar a veracidade das informações para não replicar informações errôneas. 


Dicas para o dia da prova

 


Dicas para o dia da prova

       "O verão está chegando pra praia desce geral". Parafraseando MC Davi, começo esse texto dizendo que, para muitos estudantes, janeiro não é mês de praia (até porque estamos em isolamento social) mas sim, de Enem. Que maravilha!

      Como em toda prova de vestibular, existem, além de muito estudo e dedicação, ansiedade e sentimentos negativos, que não devem ser romantizados. Como assim, "romantizados"? Aquele aluno que passa doze horas por dia estudando e abre mão da sua vida social para estudar não deve ser visto como um símbolo primordial de dedicação, qualidade de estudo e desenvolvimento pessoal. Pelo contrário, essa atitude pode causar inúmeros transtornos mentais e físicos para esse estudante. Por isso, sempre digo que quantidade é diferente de qualidade. Preze sempre pela qualidade dos seus estudos, colocando pausas e praticando aquilo que aprendeu nas aulas.

       Mas, o tema desse texto é sobre como se concentrar e manter a calma durante a prova. Antes de tudo, nunca seja negativo quanto ao resultado final. O pessimismo só trará mais ansiedade. Prepare o seu corpo para o "grande dia" enquanto faz simulados e provas anteriores. Nessa edição do Enem, será obrigatório o uso de máscara. Então é melhor ir se acostumando com a ideia de ficar horas com essa coisa no rosto.

      Na hora da prova, sempre pause para respirar. Isso tem uma explicação biológica: Ao inspirar profundamente, ocorre as trocas gasosas, e o oxigênio será enviado para o sangue, onde penetrará a célula. A partir disso, uma organela chamada de mitocôndria, produzirá energia (ATP) a partir do oxigênio. Em resumo, respirar garante que o nosso cérebro continue funcionando normalmente.

       Finalmente, busque se concentrar olhando apenas para a sua prova. Deixe as questões difíceis para o final. E uma dica bônus: o Enem possuí um sistema chamado de TRI, que preza que o aluno acerte questões fáceis. Do contrário, interpreta-se que esse aluno colou. Confie no seu potencial e sempre tenha o seu sonho em mente, pois ele te dará a motivação necessária.

Rivalidade Feminina, Parte 2 – Por que acontece e como superar

 


Rivalidade Feminina, Parte 2 – Por que acontece e como superar

  Bom dia, boa tarde ou boa noite a você que se comprometeu a ler este texto, sejam todos muito bem vindos! No último texto da coluna Batom Vermelho, nós falamos um pouco sobre rivalidade feminina e como ela surgiu, hoje nós vamos falar por que isto acontece até hoje, afinal, grande parte do mundo não vive mais no contexto em que a rivalidade feminina começou, então por que isso se perpetua?

  Como vimos no último texto, a sociedade, tempos atrás, era totalmente diferente da nossa, não havia tanto conhecimento da ciência, medicina, não havia tecnologias como a internet, celulares, isso tudo é muito novo. Então, apesar do contexto ter mudado, vários comportamentos e pensamentos continuam sendo reproduzidos como se fossem uma verdade absoluta, a rivalidade feminina não tem a ver com brigas, puxões de cabelo ou algo do tipo, ela é muita das vezes sutil, mas poderosa, às vezes nem percebemos quando dizemos alguma coisa, mas sem querer estamos incentivando essa rivalidade.

  E, inclusive, os homens, por muitas vezes não se interessarem pelo assunto feminismo ou ao menos não terem conhecimento sobre, acabam sendo grandes propagadores das “Fake News Femininas”. Esse é um termo inventado por mim (uma das autoras da coluna) para designar alguma frase, mensagem que parece ser real, parece ser boa, às vezes, mas na verdade incentiva a rivalidade feminina, um exemplo dessas Fake News é quando um homem diz “Você não é como as outras!” Xii... ALERTA Fake News Feminina, sim eu sei que a intenção é muitas vezes elogiar, mas você não precisa diminuir todas as outras mulheres para elogiar alguém, certo?

  Veja outro exemplo que aconteceu com a Isabela Andrade, uma das autoras da coluna. Certa vez, ela foi a um evento de arte junto com um grupo de Hip-Hop de que ela participava. Ela estava na plateia e uma menina de cabelos cacheados subiu no palco e estava preparando para se apresentar, quando um integrante do grupo que estava ao lado dela disse: “Vai lá jogar seus cachos na cara dela!” com o intuito de “elogiar”, claro. No momento, Isabela até riu, mas depois de chegar em casa e repensar a situação, ela percebeu que era um exemplo de rivalidade feminina, algo sutil, mas capaz de colocar as mulheres umas contra as outras.

  Não pense que são somente homens que incentivam isso, acontece com praticamente todos uma hora ou outra, é algo que veio de muito tempo, é estrutural, e é difícil mudar, mas não impossível. As pessoas que reproduzem esse comportamento, na maioria das vezes não tem culpa, muitas vezes não percebem o que estão fazendo, às vezes, não sabem que a rivalidade feminina existe e, se essas pessoas reproduzem esse comportamento/pensamento, é porque elas já foram ensinadas a isto.

  É triste viver num mundo semeado de ódio e desconfiança estrutural. Por isto é que tive o trabalho de escrever estes textos, acredito que informando as pessoas sobre esses problemas, conversando com elas, falando sobre a história, os comportamentos, as pessoas podem mudar, podem perceber, assim como eu, que algo está errado, descobrir o que, ficar atento a essas falhas e tentar não repeti-las. É assim que evoluímos.

  Para terminar, gostaria de apresentar a vocês um termo feminista lindo chamado “sororidade”. Não, eu não escrevi errado e não tem a ver com som, é SO-RO-RI-DA-DE, que significa uma união entre as mulheres apoiada na empatia e companheirismo que busca alcançar e manter relacionamento e atitudes positivas entre elas. Dessa forma, as mulheres se juntam e se apoiam sem julgamentos a favor da igualdade de gêneros. É uma relação de união, de afeição e de amizade entre mulheres.

  Eu não sei você, mas eu prefiro um mundo espalhado de amor e confiança, onde as pessoas podem ser quem elas são, sem julgamentos, e com muita compreensão. Sim, eu sou uma sonhadora, uma sonhadora colocando a mão na massa tentando construir um mundo melhor, tentando transformar sonhos em realidades, nem que seja uma pessoa de cada vez. O que você acha de ser a próxima pessoa, caro leitor?


segunda-feira, 5 de outubro de 2020

QUERIDA INFÂNCIA

 

Por Vitória Maria Gava Ferreira, 3.9

 

QUERIDA INFÂNCIA


 

Castelos feitos de barro, com baldes

Colheres e a mangueira,

A roupa toda suja

E o sorriso radiante, mesmo com poucos dentes,

Os que visitam sentem a energia

A euforia, a alegria

Há muito o que aprender,

Muito o que tocar, sentir, viver

Por enquanto,

O pequeno só se preocupa em brincar,

Faz bagunça em casa, deixa pegadas no chão

Rola na areia e dá e finge que é um leão,

Gosta de ouvir histórias, e assistir televisão

Vai para a escolinha, e canta uma canção.

As primeiras palavras, descobertas,

Uma vida cheia de emoção

Porém também os primeiros espantos

E muita, muita imaginação.

PARA ELE

 

Por Priscila Rebeca Siqueira, 3.11

 

PARA ELE


 

Éramos as estrelas.

A música.

O tempo.

Éramos o Sol.

A lua.

O vento.

Éramos assim

Sem início nem fim

Um fluxo perfeito

Que o prendia a mim.

Éramos o ciclo

A rua vazia

A jazida.

Que jaz ia

encontrar em mim.

Éramos o eco

O arco reflexo

Que refletia a mim.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O Guarani é... problemático

 

Por André Lucas Antunes Dias, 3.9

 

O Guarani é... problemático


 

O Guarani é um marco do Romantismo na literatura brasileira. José de Alencar retoma a memória do século XVI, através de relatos de cronistas, e redesenha a história de um índio que se vê cativo à filha de Dom Antônio de Mariz, fidalgo português. A forma com que o autor traduz os acontecimentos que deseja representar é extremamente enviesada, ideológica. Mas, antes de qualquer coisa, precisamos falar sobre Claude Lévi-Strauss, estruturalismo, Francis Galton e Michel Foucault!

No século XIX, ano de publicação do livro, era comum a corrente de pensamento “evolucionista”. Por mais absurdo que pareça hoje (e guarde bem essa frase), após os estudos de Charles Darwin acerca da Origem das Espécies terem vindo ao mundo, rapidamente, seu primo, Francis Galton, elaborou o que ele chamava de “eugenia positiva”: Tendo observado, a partir dos estudos de Darwin, que as espécies tendem a perder ou ganhar características de acordo com o ambiente em que vivem ou com quem se reproduzem, ele concluiu uma forma de, através de casamentos seletivos, selecionarmos características mais desejáveis no ser humano, de forma a preservar corpos saudáveis ao longo de nossa evolução. Na época, os estudos de Galton receberam validação científica, sendo publicados em um artigo da revista Nature.

Não precisamos ir longe para entender que os pensamentos de Galton foram base para a ascensão do nazismo na Alemanha! Imerso no auge do liberalismo econômico, em que as potências europeias se alastraram por todo o globo implantando suas indústrias e colônias principalmente na África e na Ásia, a ideia de eugenia serviu como justificativa ao imperialismo. “Podemos e devemos conquistar esses territórios, basta olhar como são pouco civilizados, não possuem um governo ou sistema como o nosso. Estaremos fazendo um bem a esses selvagens, fracos, os ajudaremos a evoluir”.

No livro O Guarani, Peri, o índio que se voluntaria a cumprir todos os desejos de Cecília, filha de Dom Antônio de Mariz, é um personagem extremamente idealizado. Ele possui uma força capaz de vencer um combate, sem armas, contra uma onça, assim como sentidos extremamente aguçados. Quando menos se espera, na emergência de um conflito, suas flechas passam pelos olhos dos inimigos e ele aparece para salvar o dia. Peri é uma figura onipresente, quase como se ele fosse a própria natureza das matas, até o momento, ainda pouco exploradas, do Brasil. Cecília, em contrapartida, é completamente frágil. Se o índio é a representação da natureza, da própria floresta, Ceci é uma árvore sagrada a qual deve ser preservada. Não é à toa que seu quarto, tal qual um castelo de princesas da Disney, é extremamente inacessível, no último andar, cobiçado pelo aventureiro italiano Loredano. Este personagem, por sua vez, é um louco apaixonado, completamente corrompido pelo desejo, pronto a raptar a menina de sua casa (guardem essa informação). Trocando em miúdos, uma tribo Aimoré, descritos como indígenas completamente diferentes de Peri, com aparência física mais próxima de animais não humanos, ataca a casa de Dom Antônio de Mariz. Apesar dos esforços de Peri, a solução final é fugir com Cecília e abandonar a família, que não conseguiria permanecer viva com o avanço dos Aimorés. Os índios “selvagens” invadem a casa, a incendeiam e, ao matar a família, também se aniquilam, pois a casa está repleta de pólvora.

 

Façamos um esforço interpretativo: José de Alencar se localizava pouco depois da vinda da Família Real ao Brasil. Ele desejava construir um herói para esse reino que acabava de deixar seu status de colônia para trás. Para tanto, ele constrói uma história em que índios degenerados que se atrevem a destruir o núcleo familiar português sucumbem em sua própria empreitada, restando apenas aquele índio que personifica os valores cristãos e aristocráticos europeus. Em suma, o autor propunha dizer que o Brasil recebeu uma bênção ao ser colonizado por Portugal, transformando os índios que aqui viviam em eternos cristãos cativos, nossos defensores - um casamento com a própria natureza (Peri) que preserva nosso ouro verde (Cecília).

O sociólogo e antropólogo Claude Lévi-Strauss foi um dos fundadores do estruturalismo: campo de estudo que pretende analisar as civilizações de forma diacrônica. Isso significa que, observando as tendências eugenistas e evolucionistas de sua época, ele propõe uma análise que leve em conta a consciência de cada época. Deve-se dividir os estágios das civilizações em “cultural” e “selvagem”. O primeiro seria um estágio complexo, organizado, enquanto o segundo o precederia, sem organização. Contudo, segundo ele, o erro está em valorar cada estágio como superiores ou inferiores em relação a outros. Cada sistema se desenvolveria de sua forma e com suas regras próprias. Ao contrário dos pensadores evolucionistas, não haveria um estágio final de evolução o qual todas as civilizações precisam alcançar, pois cada uma tem seu desenvolvimento e particularidades. Apesar de trazer a figura do índio como herói nacional, personagem tão injustiçado até os dias atuais, quando ele imprime ideais europeus ao que considera como o índio ideal (em oposição aos Aimorés) ele ainda diz que a cultura europeia é superior à dos selvagens que aqui viviam e que foram agraciados com a chegada dos portugueses. Para piorar a situação, a representação do italiano é colocada com um dos antagonistas da história, e é estranho ter um estrangeiro que, por sinal, quer roubar a “riqueza” (Cecília) dos europeus, ser representado dessa forma na história, logo na época em que os portos do Brasil finalmente se abriam ao comércio com outros países.

Chegando aos finalmentes, os estudos do filósofo Michel Foucault podem nos dar uma luz de porque uma ideia tão absurda foi glorificada na época. Segundo ele, a verdade é “epistème”, ou seja, um constructo do jogo de forças políticas da época. No século XIX, era necessário justificar o imperialismo das potências europeias, e, por isso, uma ideia absurda como o valor de uma vida ou cultura passaram facilmente a um artigo da Nature. Nos tempos atuais, sabemos que dificilmente um estudo como esse seria aprovado. Mas a epistème pode moldar a forma que nos comportamos, através da determinação do que é verdade ou não e, ainda pior, o que é saudável ou não. Segundo Foucault, concepções como a “loucura” têm sentidos diferentes de acordo com cada época, e sofrem interferência dos discursos de uma determinada época. Voltando à análise de Strauss, deve-se analisar, mesmo os teóricos de ideias tão absurdas, de forma diacrônica os fatos de uma época, e não olharmos ao passado a partir de nossas próprias concepções atuais.

Repare, O Guarani é uma grande obra brasileira, esteticamente perfeito, e teve sua importância na época em que foi lançado. No entanto, precisamos ser maduros o suficiente para criticá-lo e analisá-lo de acordo com a epistème de sua época. Há milhares de outras coisas para se discutir sobre esse livro, e a conversa não acaba por aqui, mas quem sabe isso fica para algum outro dia?

 

 

Os primeiros 86.400 segundos

 

Por Vitória Maria Gava Ferreira, 3.9

 

Os primeiros 86.400 segundos


 

Os pulmões se abrem

Enchem de ar

Os gritos agarram o ouvido

De longe se escuta o choro

Uma nova história começa

Os pais não sabem se ficam felizes

Ou preocupados

O primeiro momento costuma ser bom para os conscientes

Desprezível para o “despertante”,

Mais tarde nem lembrará, só comemorará

Este dia radiante

Primeiro dia de vida

Um anjinho descido do céu,

Aquele projétil de gente,

A Mãe segura a inocência nos braços

Percebe que valeu a pena ter perdido a cintura,

O olhar macio acalma a ex-gestante.

3 horas de distância

 

Por Priscila Rebeca Siqueira, 3.11

 

3 horas de distância


 

Quanto tempo dura um instante?

Dois segundos ou dez?

Se durasse 3 horas..

eu atravessaria a rua.

Andar por um instante

Não seria uma ideia absurda..

 

Por que essas 3 horas?

Fora os 21 minutos!

O abraço que eu preciso

Parece estar do outro lado do mundo.

 

Três horas separam as duas cidades

E que loucura é essa amizade

5 anos sem o abraço

Mas sem perder o que resta em nós de fato.

 

Míseras 3 horas.

Que um dia será nada

Em busca de um talvez

Vagando na estrada.

 

Faz 5 anos,

Que eu aguardo sua chegada

Volte logo..

Te espero aqui em casa.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Algumas coisas sobre política que todo mundo deveria saber

 


Algumas coisas sobre política que todo mundo deveria saber

Imagine o Brasil como um carro. As quatro rodas permitem que ele se estabilize e percorra o trajeto definido. Nesse caso, não há rodas mais importantes do que as outras. Cada roda é uma peça importante para o funcionamento do país. São elas: a política, a economia, as relações internacionais e a sociedade. Se uma dessas rodas falha, o país pode ter graves problemas na "locomoção", ou seja, poderá passar por algum tipo de crise. Por isso, é importante escolher candidatos que demonstrem, por meio das campanhas eleitorais, que se importam com todas essas questões. O poder é dividido em três esferas, segundo Montesquieu: O poder executivo, o legislativo e o judiciário. Esses, atuam juntos para garantir o funcionamento de uma democracia (governo de todos). Novamente, não existe uma esfera melhor do que a outra, ou mais importante. Todas atuam em conjunto. No poder executivo, encontram-se o presidente, os senadores e os prefeitos. No poder legislativo, deputados, senadores e vereadores. Por fim, no judiciário, os juízes e o supremo tribunal Federal (STF). Estes atuam executando as leis, produzindo e interpretando-as, respectivamente.

É importante que o candidato à presidência tenha apoio do congresso (poder legislativo), porque, uma vez sem apoio, não é capaz de executar ações em benefício da nação.

Devido ao fato de a política (em seu conceito inicial) ser algo coletivo, que envolve o social, existem posicionamentos distintos entre as pessoas quanto às ações que o governo deve ter dentro do país. Para isso, foi criado o espectro político. Esse, serve para direcionar as pessoas dentro de um eixo geométrico (como um gráfico) orientando-as de acordo com suas preferências. O gráfico é direcionado em 5 categorias: autoritarismo, centro, direita, esquerda e totalitarismo. Dentro dessas categorias, ainda existem subcategorias como o liberalismo, socialismo, fascismo e nazismo (extremos). Portanto, não existem apenas “dois lados da moeda". A política não é um jogo de futebol.

Aristóteles dizia que o homem é, naturalmente, um animal político. Isso significa que temos o instinto natural de discutir questões dentro de uma sociedade. E é assim que se faz política: com debates, opiniões, discussões que levam ao aprendizado e à desconstrução de conceitos.


Os desafios organizacionais da República Federativa

 

Os desafios organizacionais da República Federativa

 

Os desafios organizacionais da República Federativa Brasileira não são uma intervenção atual. Tendo em vista que a República foi proclamada em 15 de novembro de 1889, ocorreram muitas revoluções desde então. A maior dificuldade atual tem sido encontrar maneiras de acabar com as desigualdades. Em 1889, o país tinha 14 milhões de habitantes, sendo quase 2 milhões de ex-escravos. Em 2019, são 220 milhões de habitantes, com 13 milhões de miseráveis, segundo o IBGE. As desigualdades no Brasil não diminuíram, a pobreza e a violência aumentaram, sendo assim um reflexo direto de crise dos âmbitos econômicos e sociais.

O atual cenário está marcado pela reiteração constante de atitudes ilegais e antiéticas praticadas por agentes que priorizam interesses pessoais ou de terceiros, esquecendo-se de suas reais responsabilidades com a gestão. Os casos de envolvimento em escândalos e corrupção, nas diferentes esferas do poder público, são apresentados quase que diariamente pela mídia, e o mais impressionante é que pouco tem sido feito para aplicar punições aos responsáveis. O resultado desse desrespeito e falta de comprometimento dos gestores públicos é sem dúvida sentido pelo povo, o qual não tem suas necessidades básicas atendidas, que recebe uma prestação de serviços públicos inadequada, na maioria das vezes, principalmente no que se refere às áreas da saúde, educação, moradia e segurança, incompatíveis com a elevadíssima carga tributária à qual está submetido o cidadão brasileiro.

Portanto, para minimizar o problema em questão, o Poder Judiciário, o qual é responsável pelos julgamentos, deve focar-se em aplicar a diminuição da possibilidade de recursos em caso de acusação de corrupção, com o claro intuito de diminuir as formas pelas quais um político pode ludibriar a lei para se manter em esquemas ilícitos. Além disso, a população deve fiscalizar de maneira mais próxima os candidatos por meio de aplicativos já criados, como o “Tem meu voto”, com o objetivo de eleger pessoas mais transparentes e preparadas para governar o país. Uma forma eficaz de combate à pobreza e à desigualdade é por meio da geração de empregos, para que as famílias possuam renda suficiente para suprir as necessidades básicas de sobrevivência. O Governo deve aprimorar políticas de combate ao desemprego e à informalidade do setor empregatício.

Observação: Esse texto foi feito juntamente com a Colunista Júlia Barra, a parte que ela escreveu está disponível na Coluna “Dicas de Estudo”.


Rivalidade Feminina - Um passado angustiante que diz nos detalhes “Eu existi”

 

Rivalidade Feminina - Um passado angustiante que diz nos detalhes “Eu existi”

Olá, querido(a) leitor(a)! Hoje nós vamos falar um pouquinho sobre a relação entre mulheres nos dias de hoje. É muito comum ouvirmos e vermos brigas e inimizades entre mulheres. Com certeza você conhece ou ao menos ouviu falar de uma menina que não gosta da outra por simplesmente motivo nenhum! E quando se trata de amizades homogêneas, homens e mulheres divergem tanto que esse tratamento cai inclusive em muitos memes na internet que geralmente são mulheres se tratando bem, mas por trás há mentira e desconfiança, e os homens se zoando, mas no meme aparecem como “amigos de verdade” por trás da suposta brincadeira.

  A rivalidade feminina é tão forte em nossa sociedade que acontece das mães de meninas ensinarem para as filhas desde pequenas que mulher é “cobra”, que em mulher não se confia, que é para as garotas manterem uma certa distância da coleguinha, para não se prejudicaram, inclusive eu, Vitória Gava, já presenciei o caso de uma adolescente fingir estar namorando um menino para poder ir no cinema - a mãe da garota não deixava ela sair de casa com as amigas que a menina conhecia há 6 anos, mas podia sair com um menino que conhecera há um mês. (Leitores, vocês não acham isso, no mínimo, estranho?). Por que uma criança é alertada por alguém para não confiar nas coleguinhas? E, mais importante, porque somente nas “coleguinhas” e não nos coleguinhas? Se alguém vai ensinar sobre confiança a outra pessoa, que ensine direito! “Não confie em estranhos, não aceite comida deles. Não deixe ninguém tocar suas partes íntimas! Não acredite em tudo que ouvir, algumas pessoas mentem. Tome cuidado! Não conte seus segredos a qualquer um.” Mas por que alguém faz questão de destacar desconfiança em um certo grupo de pessoas sem nenhum motivo?

  O assunto é complexo e merecedor de grande atenção, então, primeiro, vamos entender um pouco como isso tudo começou. A competição entre mulheres teve início quando a mulher era desfavorecida de méritos políticos, econômicos e intelectuais. Os homens tinham uma vida comum, por assim dizer, mas as mulheres eram proibidas e desencorajadas de ter a mesma participação na sociedade. O “papel” da mulher neste período era procurar por um bom homem, casar-se e ter filhos com ele, além de ter que cuidar das crianças e fazer os serviços domésticos. Falando sobre esse assunto, hodiernamente, a vida da mulher tempos atrás não parecia ser muito animadora, mas é importante que você, caro leitor, se imagine naquela época, para que possa entender melhor. Lembre-se de  que o mundo anos atrás não possuía tanto conhecimento, quase todas as coisas eram explicadas com histórias sobre magia, deuses, espíritos, então, por exemplo, quando uma mulher se casava, mas não conseguia ter filhos, diziam que Deus estava castigando-a por algum pecado. Na época, a sociedade era bem mais religiosa, tudo que fugisse do comum daquela época era considerado sujo, deplorável, um verdadeiro castigo divino.

   As mulheres tinham o dever de se casar e constituir uma grande família. Se quisessem ser  respeitadas, o primeiro passo era buscar um marido e, para isso, tinham que se destacar das demais. Quanto mais mal falada as outras pretendentes eram, melhor. Após começarem a amar um homem (quando os casamentos não eram arranjados), as mulheres deviam conceber filhos; por um motivo religioso, biológico, social e por não haver tantos métodos contraceptivos, as mulheres tinham muitos, muitos filhos (só isso, com certeza, já ocupava bastante tempo delas). Pensa que acabou? Não. Ainda tinham que cuidar da casa (e não havia máquina de lavar, ferro elétrico, fogão a gás, aspirador etc). Talvez você esteja se perguntando, mas por que as mulheres sucumbiam a isso? Elas simplesmente não tinham outra escolha, a sociedade era assim, as mulheres não podiam estudar nem trabalhar, nem votar, nada!  E essa sociedade perpetuava até pouco tempo atrás, até a ciência chegar e provar que mulheres e homens, por incrível que pareça, são da mesma espécie. E, para mais uma surpresa dos homens, temos a mesma capacidade cognitiva. Essa sociedade se prolongou até descobrirmos que o fato de alguém não conseguir ter filhos não é um castigo divino e pode ser explicado logicamente. Durou até nos darmos conta de que muitas coisas não faziam sentido, eram apenas cretinices espalhadas por aí sei lá por quem, e é por isto que a sociedade pode mudar e ainda vai mudar muito! Porque tem uma mulher digitando cada palavra neste texto, uma mulher que observou alguns comportamentos estranhos e disse “Opa, peraí, isto aqui não tá legal, não; o que vocês acham? vamos mudar?”.

  Se ainda existe algum cético leitor correndo os olhos neste texto, eu tenho apenas duas coisas a lhe dizer: a primeira é que você é dos meus!; e a segunda coisa é que certo tempo atrás eu li um livro que me surpreendeu, inclusive no prefácio. O livro coleciona a biografia de várias mulheres e seu nome é bem autoexplicativo: “Mulheres que ganharam o Prêmio Nobel em Ciências - suas vidas, lutas e notáveis descobertas”. Algumas coisas que me chamaram a atenção nesse livro é que praticamente todas as mulheres tiveram dificuldade para estudar porque naquela época a mulher era quase proibida de fazer faculdade, ser professora. Mulheres do século XIX e XX. Sabe? Não está tão longe assim! As mulheres desse livro são um grito, um grito que ecoa a seguinte frase “Se não tivéssemos sido tão reprimidas, talvez o mundo estivesse melhor”. As mulheres desse livro são uma exceção, eu as saúdo não só por serem inteligentíssimas e notáveis em seus respectivos ramos, mas também pela coragem que tiveram para estudar quando não podiam estudar, para ensinar quando não podiam ensinar, pela coragem que tiveram de se levantarem, sozinhas, em meio à multidão de homens, e lhes ensinar uma lição não só científica, mas social e moral.     

   Mulheres, devemos nos unir, deixar essas cretinices criadas por outros, e pensar por nós mesmas. Competimos por tanto tempo, nos calamos durante tanto tempo e agora que podemos finalmente dizer “que loucura tudo isso!”, vamos nos minimizar a ter conversas ásperas de corredor? Nós somos mais que isso, nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo! E que o mundo mude para melhor… Um melhor pra todos!