Google+ Tribuna Estudantil - O Jornal do HD: junho 2020

terça-feira, 23 de junho de 2020

A(s) flor(es) daquele dia

Por Layne de Freitas Castro, 3.9


A(s) flor(es) daquele dia



Sob o alvorecer, na caminhada daquele dia.
Com estas mãos eu peguei uma flor.
Eu roubei uma vida, com uma culpa tardia.
Eu me senti como uma leve brisa, jogada a um atormentador.

O lírio tão claro assim como a pureza que o havia abraçado.
Sua brancura vinha da neve que estava a cair.
Se enegreceu sob este céu que havia lhe dado tanto cuidado.
'Este lírio negro é um presente dos céus para ti.'

A rosa que levava as cores do sol e a suavidade de suas pétalas.
Mesmo que seja uma flor tão bela e de tamanho esplendor.
Com tantos espinhos não se pode tocar nela.
O rubro que a cobriu anuncia um sentimento ainda maior: a dor.

A Lavanda por que a púrpura se apaixonou e a graça cuidara.
'Com uma voz trêmula, ouça minhas súplicas a atendê-las.'
Como se dissesse com uma essência enlouquecedora.
A cor que já vem preenchendo a noite, irá de todas realizá-las

A flor daquele dia não tinha nome nem essência.
Suas pétalas anunciavam a efêmera brevidade da vida.
Com as cores que só as estrelas conheciam
Aquela flor nunca havia sido criada por Deus, ainda.

Desejei naquele dia, com um pesar
Que todas as realidades se encontrassem em um pequeno instante.
Assim talvez eu pudesse não ter tomado tantas vidas ou dissipar.
E nem teria as visto partir tão brevemente.

Devaneios

Por Milene Carolina da Silva, 3.10

Devaneios



À espreita pela fresta de uma janela 
Vislumbro um mundo desconhecido, imagino ser como uma estrela .
Ter o privilégio de nunca ter caído. 
Após a primeira queda não  ficar em negação. 
Aceitar e seguir em frente seria mais difícil do que sentir frustração. 
Incerto é viver de incertezas 
Você é jovem demais pra isso.
Arriscado é se arriscar por essas 
Você é velho demais pra isso.
Julgo que tenho julgado demais  
Lamentado por lamentar demais ...

Não é cômico? Entrar em um círculo vicioso
Onde se pensa e repensa nos atos, mas não chegar em uma conclusão.

Carne incinerada

Por André Lucas Antunes Dias, 3.9

 

Carne incinerada




Que venha a loucura então
Que no surto te configuro, torna-se poema
Em páginas vermelhas
Formadas pela celulose venosa
Que venha o caos
Que ele me cubra e deixe meu ser estilhaçado
Que se ligue o motor
Que o néctar escoe da fruta

Máxima: À carne incinerada o corvo padece
Tamanha substância não pode ser deglutida
Pelo ser de manto preto...
Dias depois é também consumido
E só resta o flagelo imerso na corrida pelo útero
A parir a escritura
Escrita a carbono dissociável
O orgânico, embebido da gasolina jorrada da taça
Com marcas de vinho
Organiza os neurônios
De uni a pluricelular
A estrela brilha, e deixa marcas na pele
O suor bebe do sal, polarizador
Para alcançar o mel, energizador
Tudo suportado pelos calcanhares
Que insistem em correr, cair, submergir e novamente se localizar

Loucura


Por Priscila Rebeca Siqueira, 3.11

 

Loucura


Tudo que você escreve
Seja um ponto
E que ponto...
A que ponto?
As retas entre eles percorrem você
Atravessam sua alma e me dão um pouquinho dela
Através dos versos
Sabe?
Loucura
Mas quem disse que eu não sou louca?
Estou em constante procura.

Métodos contraceptivos no Brasil


Métodos contraceptivos no Brasil


Muito se tem discutido acerca do uso de métodos contraceptivos, quais os benefícios eles trazem e como tornar o acesso viável para todos. Os contraceptivos são recursos antigos e, com a evolução do conhecimento, muda-se também o conceito dos métodos de prevenção. Em virtude do cenário atual, mesmo com toda a discussão sobre tal assunto, ainda há um grande incidente de gravidez na adolescência e Infecções sexualmente transmissíveis (IST's).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são contabilizados no mundo mais de 1 milhão de casos de infecções sexualmente transmissíveis entre pessoas de 15 a 49 anos. Além do número dessas infecções ser crescente no Brasil, conta-se com 400 mil registros de gravidez na adolescência anualmente. Ao analisar os fatos, é debatido sobre políticas que possam contribuir com a diminuição dessas taxas.
Atualmente, observa-se que, apesar do acesso gratuito aos métodos contraceptivos através do Sistema Único de Saúde (SUS), houve uma decorrência maior dos casos citados anteriormente. É colocado em questão o fato da carência de educação sexual na rede pública, orientação familiar e orientação dos profissionais de saúde mediante palestras, por exemplo. No Brasil, torna-se um desafio, considerando as desigualdades regionais, raciais e socioeconômicas que ainda precisam ser superadas.
É inegável que com o acesso a orientação e informações, tais taxas serão reduzidas. É necessário orientar, principalmente, a população adolescente, para que as medidas sejam efetivadas e a próxima geração, de certa forma, seja mais saudável.

terça-feira, 9 de junho de 2020

O poder da desconstrução



O poder da desconstrução


Todos nós somos, no fim, poeira de estrelas, e nossos pensamentos são castelos de areia que construímos durante o tempo; quanto mais vivemos, mais aprendemos, e cada vez mais podemos construir novos pilares, fazer obras de arte incríveis, modelar sonhos, ideias, pensamentos e, quando achamos que terminamos, o universo vem nos ensinar sobre nossa pequenez, lembra-nos de que existem outras formas de construir os castelos, outros formatos, outras cores, em que talvez não havíamos pensado. Às vezes nos orgulhamos tanto das nossas ideias que vamos sufocando outras pessoas, desmanchando castelos alheios, desejando que o mar os apague, mas lá vem o universo de novo mostrar que não estamos sozinhos, mostrar que nem sempre estamos certos e que nossas construções podem machucar. Não é fácil se esforçar, aprender, ver a obra concreta a sua frente e dar espaço para a desconstrução, para um novo formato, talvez menos pontiagudo, talvez mais forte.
A verdade é que não sabemos o porquê, não sabemos a resposta, não sabemos nada. Como o próprio Sócrates já disse: "Só sei que nada sei". Essa frase mostra nossa ignorância, e nos submete a aprender, de novo e de novo, afinal, quem pode dar a certeza de qualquer coisa na vida?
Se não sabemos o que é certo, arrisco-me a dizer que a mudança é favorável, pois talvez uma hora a gente acerte e deixe a vida mais fácil, mais feliz. Uma vez, ouvi dizer que "Ficar em constante mudança é a mesma coisa de não chegar a lugar nenhum", mas eu digo "Mudar te faz chegar a vários lugares e te faz conhecer novos horizontes".
Porém é importante discutir sobre nossos pensamentos, nossos castelos, pois só compartilhando é que vamos abranger cada vez mais o mundo e fazê-lo suscetível a mudanças tão necessárias.
Por isso nós, as meninas do batom vermelho, decidimos começar esta coluna, para mostrar a importância de algumas mudanças na sociedade, mas mais do que isto para compartilhar, abrir espaço a discussões e, principalmente, aprender, para também mudarmos.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

O Renascimento do Parto - Documentário


O Renascimento do Parto - Documentário


O primeiro momento do documentário trata do relato de Carol Lobo, que conta a experiência do parto “Cesariana” na sua primeira gestação. Segundo o médico, a criança teve de ser retirada com 38 semanas e dois dias, pois estava com uma "circular de cordão", que é basicamente o cordão umbilical envolto ao pescoço. Três anos se passaram e Carol engravidou novamente, então, resolveu mostrar a sua filha como os bebês nasciam através do vídeo do parto, mas, no decorrer do vídeo, ela se choca com o tratamento que recebia durante o ato cirúrgico, notando que ambas recebiam procedimentos muito invasivos.
Com essa história, é inserido no documentário um tema pouco discutido, porém muito importante: A violência obstétrica. Segundo Michel Odent, obstetra francês, a evolução do parto fez com que fosse deixado pra trás o conceito do "coquetel do amor", que é a mistura de hormônios passados da mãe para o bebê no momento do nascimento. Hoje em dia esses hormônios são induzidos de forma sintética, ou pior, nem são "ativados". 
Ricardo Jones, obstetra brasileiro, afirma que a entrada da figura masculina no cenário do parto, alterou totalmente a forma de abordá-lo. Além de passar a ser um ato cirúrgico ao invés de fisiológico, o controle fica inteiramente nas mãos dos médicos, o que faz com que mulheres e bebês sejam colocados em risco. No Brasil, 52% dos partos são cesarianas, por trás dessa estatística existe uma lógica cultural e econômica. Para os médicos, é muito mais viável e lucrativo ter algo marcado do que incerto. 
Segundo Melania Amorim, médica obstetra, a maioria dos médicos induzem mulheres através de falácias e mitos, fazendo assim elas optarem por esse procedimento invasivo. Alguns mitos são comuns, tal como a circular de cordão. O bebê respira através do próprio cordão umbilical e da placenta, portanto é impossível morrer enforcado, pois ele só respirará normalmente quando o cordão for cortado. Outro mito comum é falar que a mulher não entrou em trabalho de parto sendo que, até a quadragésima segunda semana, todas entram. A questão é que muitos médicos não esperam a dilatação acontecer e já partem para a cesariana. 
Apesar de a cesariana salvar muitas vidas, não deveria ser tão frequente. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cesariana é responsável pelos elevados níveis de prematuridade, internação e problemas respiratórios; além disso, causa altos níveis de mortalidade e hemorragias durante o parto.
O Nascimento humano foi moldado, criando a ideia de que mulheres não são capazes de ter filhos da maneira natural, assim, impregnando tabus na sociedade. A violência obstétrica constitui uma grave violação a autonomia das mulheres, ferindo os direitos humanos. Por isso, é importante que não somente as mães sejam conscientizadas, mas também nós adolescentes e jovens, pois traremos ao mundo a nova geração.

Você é um milagre da existência

Por Layne de Freitas Castro, 3.9

Você é um milagre da existência


Eu posso não te conhecer. Sim, eu estou falando de você mesmo, que está do outro lado da tela, seja quem for, eu só queria te dizer que você é muito especial, você tem vivido tantos anos, passou por tantas coisas, seja sozinho ou não, e eu queria te dizer algo que talvez você esteja precisando, mas aqueles ao seu redor não tiveram coragem de te dizer: Eu estou tão orgulhosa por você ter chegado tão longe!
Não diga “não”, nem tudo se perdeu ainda, por mais difícil que esteja a vida, por mais que você não tenha encontrado um propósito, e mesmo que você não tenha sonhos, está tudo bem, "a felicidade se esconde nas pequenas caixas para não ser encontrada". E todas as vezes que pensar em desistir de tudo, lembre que você pode escutar aquela sua música favorita outra vez, ou talvez assistir aquela série que você tanto aguardou, e os lugares que ainda não visitou, os livros que tanto queria ler, as comidas que gostaria de experimentar, as músicas que ainda não foram criadas, de que você gostará, seus animais sentirão sua falta se você se for e há tantas coisas bonitas demais para não serem vistas nunca mais. A felicidade é feita de pequenos momentos.

"Eu acho que todos deveriam ser aplaudidos de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo."; essa foi uma frase dita por Auggie no livro "Extraordinário" de R.J Palacio, e eu não poderia deixar de concordar com ele. Por isso, hoje eu aplaudo você que tem se esforçado tanto, lutado tanto, uma grandiosa história contada no palco da existência à uma plateia vazia, e mesmo que sinta que nada valeu a pena, eu quero que você saiba que valeu sim, e como eu sei disso? Porque eu vou te contar uma história que talvez ainda não te contaram: as pessoas são tão complexas quanto o universo e ele reside em cada um, cada um tem o seu próprio universo dentro de si, e isso faz de cada um de nós um ser completamente único, por isso eu gostaria que você soubesse que você é um grande milagre da existência. Obrigada por ter nascido.

Biografia

Por Juliane Camilly Lasnou Costa, 3.10

Biografia


Primeiramente, não faço a mínima ideia de como começar a contar minha história, talvez meio diferente... Confesso. Vamos lá! Meu nome é Juliane, tenho 17 anos e atualmente curso o terceiro ano do Ensino Médio. Estou no “HD” há 12 anos e eu me sinto em casa. Nasci em Barbacena mesmo, numa rua bastante agitada. Minha infância se passou sempre em meio a meninos brincando de forma inocente. Deduzo que seja por isso o meu jeito moleca de ser. Sou um tanto extrovertida, às vezes com minhas fases misantropas acabo afastando pessoas, mas logo passa.

     Cresci em uma família de classe baixa, passando grandes dificuldades, morando de favor, dormindo sob goteiras e me alimentando com o básico. Os anos foram se passando e, em meio a uma crise financeira familiar, nossa casa própria foi tomando forma. Cada lajota simbolizava uma gota de suor; eu não entendia nada, mas sentia o sacrifício dos meus pais estampado nos seus rostos. Vivia em meio a amigos com situações melhores que as minhas, mas nunca deixei de acreditar em dias melhores. Com o passar do tempo, no ano de 2018, finalmente inauguramos aquela casinha dos sonhos, com um quarto todo meu e um “mini office” que admito ser meu canto preferido no mundo. Todos os fatos citados anteriormente resumem aquilo que chamamos de resiliência, que é a capacidade de contornar situações difíceis e aprender com elas.
     Minha vida é cercada de desafios e a ideia de criar uma coluna no jornal do colégio é um deles. Resolvi deixar marcado tudo o que eu mais sinto pela escola: amor. Eu amo frequentar o ambiente com amigos de infância e excelentes professores, além de aprender muito com cada um deles. Claramente, sou bem apegada a tudo o que presenciei aqui e não há melhor maneira de fechar minha vida escolar. 
     Eu tenho tanto orgulho de tudo o que vivi! Mesmo sendo nova ainda e com muitas coisas para viver, eu aprendi a ser grata todos os dias da minha vida e fazer com que a vida das pessoas que me cercam seja cada vez melhor. Hoje, desfruto de cada centavo que me foi negado durante minha infância. Uma nova história com novos capítulos está prestes a começar: antes meus pais me sustentavam; agora, estou disposta a sustentá-los. O carrinho de pipoca, a ida à padaria, e até mesmo uma bala são retratos e lágrimas que fazem parte da pessoa que eu sou. Nanny!? Sim, essa sou eu!

Entre o gume e o fruto

Por André Lucas Antunes Dias, 3.9

Entre o gume e o fruto





Lâmina mortal
Mortal castração
Inchação
Fugaz é o descuido do gume em ação
O corpo sente a inversão de polos
Já não se mantém no sóbrio
Procura o vale
Mas acaba por encontrar-se no pântano
Nadando na lama, tal qual seres unicelulares

Livre arbítrio, quem é você?
Ontem você sorria a mim
Hoje me flagela com um amargo bom dia
Em que plano tu estás, livre arbítrio?
Até que ponto já quebrou os espelhos?
Até quando ainda deixa que a luz escoa sobre as ideias?
Até quando a inversão de polos ainda o pega?
Que ave é essa que tem asas, mas só segue o caminho que a natureza determina seguir?

Faca de dois gumes...
O assassino trazia uma faca de
dois gumes
Levou minhas cinzas
E não as jogou ao mar
Ou em algum pote singular
Que não se pode achar
O assassino misturou minhas células
Em seu covil de explosões neuronais
Experimentos abissais

O disparate natural disse-me que a lâmina tinha a leveza de uma pluma
Devia estar embalsamado para a ilha de Alcatraz
Quando inspirou tal loucura

O espelho se quebrou
O ego se mostrou falho
Deixou de olhar apenas de soslaio

No solo árido
O núcleo cada vez mais pesado ainda tende
De tempos em tempos a natureza tenta ditar qual o meu lugar
Ah! Não hei de me aprisionar
E você, livre arbítrio, haverá?

Ele me responde
Não sei de onde:
"Oh, meu querido
Só saberá se todos os espelhos quebrarem
E com o gume uma fruta descascar
Mesmo que esteja podre
Algo nela há de se achar
Alguma semente que se possa
plantar
Ou então com ele uma árvore escalar
Na dor do encaixe e prazer da altitude
Que lá de cima desfrute
A vista que só assim pode deslumbrar
Vinha do gume... .