Ensinando
a ensinar
Caros leitores, no último texto
expliquei por que devemos encher o mundo com conhecimento e dedicação, agora
vou tentar dar algumas dicas práticas sobre como/quando ensinar, vamos por
tópicos:
- Atente-se ao momento: Uma vez um amigo meu vegetariano me disse o seguinte, que se ele
quisesse convencer a alguém a se tornar vegetariano, ele nunca deveria começar
falando disso num churrasco de família. O raciocínio é simples: em um churrasco,
a maioria das pessoas vão com intenção de comer carne, elas na maioria das
vezes não vão estar dispostas a abdicar daquela refeição naquele momento porque
um jovem está com pena dos animais; o meu amigo poderia usar todos os melhores
argumentos da face da Terra para convencer o pessoal. O problema não seria o
debate, mas a ocasião, as pessoas não estariam abertas a aprenderem sobre isso.
Ao invés disso, é melhor você entrar nesse assunto despretensiosamente,
enquanto bebem um refrigerante num passeio no parque por exemplo, pois as
pessoas estariam mais abertas àquela conversa. Muitas vezes quando as pessoas
começam a debater sobre feminismo, elas não querem realmente aprender, querem
xingar, ou se dizerem donos da verdade. É preciso observar esses aspectos para
que as pessoas não criem um bloqueio sobre o assunto que você quer debater.
- Por favor, não xingue: Eu sei… É difícil ver um homem dizer que mulher não tem a capacidade
de entender sobre futebol sem ao menos pensar na palavra “sexismo” ou ver um
homem dizendo que mulher dele tem que lavar, secar e cuidar dos filhos enquanto
ele toma a cervejinha de domingo, é muito difícil não dizer “Ah! Que machista!”,
mas é extremamente necessário. Principalmente porque as mulheres têm cada vez
aprendido mais sobre o feminismo e tudo que se relaciona a ele, logo ela
aprende o nome dos movimentos, a estrutura, o nome das atitudes etc. Com isso,
é normal no começo, ao ver o que ela aprendeu, nomear, às vezes é até sem
querer, faz parte do processo de aprendizado, é igual quando nós aprendemos
sobre rimas e quando vemos um slogan na televisão gritamos “olha! Isso rimou!”,
mas esse comportamento, de nomear as atitudes das pessoas por mais que sejam
incoerentes é um tiro no próprio pé, pois as pessoas que possuem esses
comportamentos, na maioria das vezes, não sabem que é errado, não sabem sobre feminismo
etc., a única coisa que elas sabem é que o termo “Machista” é algo ruim e então
aparece uma moça e a primeira reação dela é dizer “Nossa, que machista!”. E ao
invés dessa pessoa que errou aprender algo e não fazer de novo, o que acontece?
Ela diz que o feminismo é o inferno na Terra, que as feministas são sujas e
peludas, que as mulheres estão cada dia mais chatas, é ataque por ataque. E isso
não nos leva a lugar algum, vou contar uma história para exemplificar.
Uma vez minha mãe e eu estávamos no supermercado, e havia um homem no
caixa xingando muito uma moça que também trabalhava no caixa, ele gritava com
ela, usava palavrões etc., eu e a minha mãe ficamos do lado da moça,
obviamente, que estava calada, nós falamos “Moço, você tá ficando louco? Não
pode xingar a menina assim, não, seu machista!”. Você acha que o moço de repente se tocou dos
seus erros e pediu desculpas arrependido? Porque no fundo era o que eu e minha
mãe queríamos. Não! Ele começou a xingar a mim e a minha mãe. Você acha que
depois disso minha mãe se tocou que havia feito algo errado e pediu desculpas?
Claro que não... Ataque por ataque. Naquele dia, não houve conhecimento,
debates calorosos de mentes sedentas por saber, não. Todos saíram prejudicados,
a moça foi xingada, minha mãe, o moço. Eu e minha mãe ficamos com tanto medo
dele partir para a agressão física que saímos do mercado, e aquele dia eu tive
a certeza de que o feminismo era algo ruim. Não! Apenas o modo como lidamos com
ele. Hoje eu penso que, na hora, poderia chamar o gerente para ele resolver,
pegar o número de celular da moça, fazer amizade com ela, procurar saber o que
aconteceu, chamar ela para uma roda de conversa entre mulheres, fazer um clube
do livro sobre feminismo, voltar ao supermercado, ser gentil com o moço e
convidá-lo para um debate sobre feminismo. É meus amigos… mudar o mundo é
difícil, mas eu garanto que vale a pena. E agora, mesmo que eu volte àquele
mercado e os dois personagens desta história estivessem no mesmo lugar, eu
garanto que iria ser três vezes mais difícil convencer o moço de que o
feminismo é uma coisa boa. Porque, mesmo sem querer, na visão dele, o feminismo
o xingou.
- Tente incluir os homens: O movimento feminista preza pela igualdade de direitos entre todos os
indivíduos da sociedade, então por que quando há um vídeo falando sobre
feminismo, as mulheres costumam compartilhar somente entre elas? E para essa
pergunta há muitas respostas, mas acho que a principal é: O medo, medo de
descobrir que nossos amigos também são machistas, medo de rirem da nossa cara,
medo de perguntarem ironicamente “Você é feminista?”. Medo de não verem a
indicação com bons olhos, medo, muito medo. Mas o feminismo é em si o desejo de
igualdade entre todos, os homens e principalmente eles, devem ser incluídos nesses
assuntos, nós mulheres nunca vamos conseguir transformar o mundo sozinhas,
muitas de nós estão envolvidas nos assuntos feministas, mas os homens, não. E
esse assunto é pra ontem! Como vamos diminuir o machismo se os homens, que são
os protagonistas dessa história, não sabem direito o que machismo significa, se
eles acham que é normal pedir para a mulher tirar o batom vermelho, ou se eles
se sentem superiores as mulheres de alguma forma. Homem, se você estiver lendo
isso, muito obrigada, de verdade, eu não estou dizendo que todo homem se
comporta de tal jeito ou maneira, estou dizendo que muitos se comportam, eu sei
que existem milhares de homens muito bons, querendo aprender e querendo ver o
mundo também um pouco melhor, nós mulheres precisamos da sua ajuda, se puder,
passe adiante o seu conhecimento e este texto, e assim, suavizamos o amanhã,
nem que seja, leitor por leitor.