Google+ Tribuna Estudantil - O Jornal do HD: outubro 2020

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

INFANTO-JUVENIL

 

Por Vitória Maria Gava Ferreira, 3.9

 

INFANTO-JUVENIL


 

O caos se instala no peito

Eu procuro a estrela dançante

A cor púrpura na veia cava inferior

Mas o preto encharca os olhos

Escorre

E a pele absorve

Queima

Cicatriza

Eu esqueci qual cor é o roxo

Preto, só enxergo preto

De algum modo me sinto mais forte

Como um café amargo

Relutante

Impaciente

Quente.

"KKK não são potássios"

 

Por André Lucas Antunes Dias, 3.9

 

"KKK não são potássios"


“KKK não são potássios”. Assim o rapper belo-horizontino FBC consagra sua participação na música Poetas no Topo 2. Apesar de aparentemente inofensiva, essa frase, e seu contexto, diz muito. Mas, para entender isso, precisamos falar de Karl Marx, Estruturalismo, Positivismo, Viviane Mosé e Nietzsche.

Você já deve saber que, segundo o filósofo alemão Karl Marx, a sociedade segue um movimento dialético, ou seja, em que opressores sobem ao poder e exploram a força de trabalho dos oprimidos até que esses se voltem contra eles. Todavia, o que você talvez não saiba é que, posteriormente, Louis Althusser, filósofo estruturalista francês, utiliza desse conceito de Marx para analisar a Escola. Segundo seu pensamento, essa instituição é um aparato reprodutor da ideologia burguesa, em outras palavras, o pensamento dos opressores. Observe: A cada bimestre, estudamos para conseguirmos a nota máxima nas provas; essa estrutura, reproduz nitidamente a hierarquia do capitalismo: ou você é eficiente o suficiente para chegar ao Topo, ou então você está fadado à mediocridade. O aluno nem sequer tem uma educação individualizada. As turmas são dispostas em, usualmente, fileiras de 10 alunos cada. Logo, ele precisa acompanhar o ritmo dos outros no mesmo tempo, não importa se o seu processo de aprendizagem é mais lento, pois esse é o capitalismo, você não escolhe onde nasce, você apenas nasce e deve trabalhar para chegar ao status da burguesia. Nos anos finais na Escola, começamos a nos dar conta de que em breve prestaremos vestibulares e, novamente, precisamos ser os melhores. A pergunta que fica é: Por que o Estado não se propõe a proporcionar uma Universidade gratuita para todos? Não somente para quem tem cotas (importantes, mas não o suficiente), mas para todos. Por que ele não pensa em um sistema que não se baseia em notas? Ele não o faz porque serve aos interesses burgueses, do empresariado que ganha cada vez mais força através da ascensão do neoliberalismo, doutrina econômica surgida nos anos 1980, principalmente nos Estados Unidos e Inglaterra, que prega a intervenção mínima do Estado na economia, ou seja, a indústria move a sociedade.

Em face disso, a frase “KKK não são potássios” começa a ganhar mais substância. KKK é a sigla para Ku Klux Klan, organização extremista religiosa, reacionária, anti-imigração, de extrema direita, e que acredita na supremacia do povo branco. Ela surge em 1860 nos Estados Unidos, isto é, 5 anos antes de abolir-se a escravidão no país. Contrário a essa medida, o grupo utilizava-se de ataques terroristas ao povo negro. Na música, ela, KKK, aparece como um significante: Um símbolo que ainda não ganhou significado e que, por isso, cabe ao sujeito atribuí-lo. O eu lírico, ataca um desses significados que alguém poderia imprimir nela: potássio. Elemento de número atômico 19 da tabela periódica, ele é representado pela letra K. Assim, ele afirma que o K da sigla ligada a um movimento sociocultural teria sua maior associação pelos ouvintes a um mero símbolo do conhecimento científico. Análogo a isso, o sociólogo Auguste Comte, considerado até mesmo o “pai da sociologia”, no século XIX, afirmava que a evolução das civilizações segue uma linha reta, passando pelo estado metafísico, no qual o ser humano não desenvolveu um conhecimento bem estruturado e, por isso, recorre a explicações de correlação entre causa e efeito falsas; assim como pelo estado teológico, no qual, os indivíduos já atribuem a razão dos fenômenos naturais a entidades místicas, ligadas à religião; por último, o estado positivista seria o estágio final e mais perfeito dessa evolução, no qual, com o método científico, o ser humano é capaz de explicar tudo o que acontece na natureza. Essa visão linear da história levou a, no mesmo século, se popularizar a ideia de “Ordem e Progresso” presente na bandeira do Brasil. O país havia acabado de passar pela República da Espada, comandada por militares e que, influenciada pelas ideias positivistas da Europa, já via a hegemonia das elites como inevitável, a qual levaria a sociedade para o estado de plenitude positivista. Então, durante a República Oligárquica, contrário a esse idealismo, ocorre a Revolta da Vacina. O pensamento positivista havia influenciado o higienismo, concepção de utilização da ciência para melhoramento das condições sanitárias de uma população a qualquer custo, levando a uma vacinação forçada contra a varíola na população, composta em sua maioria por ex-escravos que viviam no centro do Rio de Janeiro, e, negando essa violência, começou a se deslocar para a periferia, o que hoje conhecemos como Favelas.

Logo, o pensamento cientificista extremista, responsável por negar qualquer manifestação cultural para dar destaque ao “progresso”, ou seja, desenvolvimento tecnológico para aprimoração do capitalismo e, consequentemente, da força de trabalho proletária, por mais que não pareça, ainda está muito presente na instituição Escola. Segundo o filósofo Friedrich Nietzsche, o Ocidente, desde Platão e o seu “Mundo das Ideias”, valoriza excessivamente a racionalidade, fazendo com que o indivíduo não realize seus desejos carnais, não ligados somente ao sexo, mas a tudo aquilo que define “vontade de potência”, em outras palavras, a capacidade do indivíduo de deixar seus pensamentos fluírem baseado em sua subjetividade. A filósofa Viviane Mosé, muito inspirada nas ideias de Nietzsche, diz que a educação incorpora esse culto ao racionalismo quando, na era da informação, da revolução da memória, ainda prepara os alunos para decorarem fórmulas e conceitos que seriam muito mais bem aproveitados se inseridos no armazenamento cibernético e utilizados apenas quando o aluno sentisse necessidade de consultá-lo, enquanto ele estaria desenvolvendo um pensamento crítico de fato ao aprender sobre seu campo cultural de forma mais aprofundada e livre, individual, sem hierarquia. Mas como realizar esse ensino individual? Uma escola para cada aluno? Evidentemente que não. Você já reparou que a escola possui funções muito bem definidas ligadas a uma divisão do trabalho? O faxineiro faxina, o professor ensina, a cozinheira cozinha, o diretor dirige, a professora leciona. Contudo, todos esses indivíduos vivem diariamente no mesmo espaço e observam o comportamento alheio, mas, por estarem presos nessa divisão, não opinam quanto o que sabem sobre o outro. Através de uma Gestão Participativa da Escola, esses funcionários poderiam se tornar agentes diretos do aprendizado, desenvolvendo ideais de empatia e compaixão com os alunos, se relacionando de forma mais próxima com eles, fato discutido com mais profundidade na palestra “O Contemporâneo e a Educação” da pensadora. Dessa forma, “KKK não são potássios” faz crítica ao sistema que prepara os cidadãos para o reconhecimento de símbolos (K) que não dizem nada a respeito de sua história e cultura (KKK como Ku Klux Klan e o apagamento da memória negra). E ainda, logo em seguida, o rapper fala “nos deram negócios, voltamos com S cifrado”, indicando que ele aderiu a essa concepção competitiva do capitalismo, contudo, “falam de negócios, já que são eles o produto a ser negociado, estão na promoção”, ele faz crítica ao trabalhador que se aliena dessa condição, ou, nos termos de Karl Marx, o lumpemproletariado, o proletariado que não tem consciência de classe e não se reconhece como oprimido, devido a reprodução da ideologia burguesa nas esferas da sociedade, como a Escola. A partir disso, seu “S cifrado” foi conquistado não por uma submissão ao modelo produtivo, e sim através do Rap, afirmando sua cultura, frustrações e reivindicações, negando o sistema ao mesmo tempo que participa dele, sendo agente ativo do processo dialético da história. Toda essa substância em poucas linhas, linhas fortes e angustiantes.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Movimentos antivacina

 

Movimentos antivacina

 

A questão da vacinação atrelada à sociedade não se trata de uma intervenção atual, uma vez que a primeira vacina foi criada no século XVIII, por Edward Jenner, pesquisador inglês, que dedicou 20 anos de sua vida para o estudo da Varíola. Em 1796 a experiência feita por ele permitiu a descoberta da vacina e a divulgação do seu trabalho dois anos depois. O que alterou completamente a ideia de prevenção contra doenças e tornou a Varíola a primeira doença infecciosa erradicada por meio da vacinação.

A vacinação é importante para a sociedade, porém, atualmente, têm surgido muitos movimentos antivacina, sendo caracterizados segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) como um dos dez maiores riscos à saúde global. Isso porque ameaçam reverter o progresso alcançado no combate a doenças evitáveis por vacinação, como o sarampo e a poliomielite. Entretanto, os movimentos antivacina vêm crescendo no mundo todo, inclusive no Brasil, que sempre foi exemplo internacional.

O que impede tal problema ser solucionado é a desinformação ou a veiculação de fake news, por meio de plataformas digitais, redes sociais, dentre outros. Uma parcela dos cidadãos, sob influência de argumentos errôneos, passa a negligenciar as vacinas, resultando em um problema para toda sociedade. Segundo a pediatra Eliane Matos, da Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, “Quando uma pessoa é imunizada, protege, de forma indireta, as que não foram”. Por isso a vacinação é algo tão importante a ser discutido.

Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse, tais como ações envolvendo os órgãos públicos, relacionados à saúde e a educação, provendo conscientização à população, através de palestras, trabalhos sociais, verificação do cartão vacinal nas escolas, uso de folders informativos, etc. Cabe à população ser mais seletiva perante as notícias veiculadas na internet, buscando sempre pesquisar a veracidade das informações para não replicar informações errôneas. 


Dicas para o dia da prova

 


Dicas para o dia da prova

       "O verão está chegando pra praia desce geral". Parafraseando MC Davi, começo esse texto dizendo que, para muitos estudantes, janeiro não é mês de praia (até porque estamos em isolamento social) mas sim, de Enem. Que maravilha!

      Como em toda prova de vestibular, existem, além de muito estudo e dedicação, ansiedade e sentimentos negativos, que não devem ser romantizados. Como assim, "romantizados"? Aquele aluno que passa doze horas por dia estudando e abre mão da sua vida social para estudar não deve ser visto como um símbolo primordial de dedicação, qualidade de estudo e desenvolvimento pessoal. Pelo contrário, essa atitude pode causar inúmeros transtornos mentais e físicos para esse estudante. Por isso, sempre digo que quantidade é diferente de qualidade. Preze sempre pela qualidade dos seus estudos, colocando pausas e praticando aquilo que aprendeu nas aulas.

       Mas, o tema desse texto é sobre como se concentrar e manter a calma durante a prova. Antes de tudo, nunca seja negativo quanto ao resultado final. O pessimismo só trará mais ansiedade. Prepare o seu corpo para o "grande dia" enquanto faz simulados e provas anteriores. Nessa edição do Enem, será obrigatório o uso de máscara. Então é melhor ir se acostumando com a ideia de ficar horas com essa coisa no rosto.

      Na hora da prova, sempre pause para respirar. Isso tem uma explicação biológica: Ao inspirar profundamente, ocorre as trocas gasosas, e o oxigênio será enviado para o sangue, onde penetrará a célula. A partir disso, uma organela chamada de mitocôndria, produzirá energia (ATP) a partir do oxigênio. Em resumo, respirar garante que o nosso cérebro continue funcionando normalmente.

       Finalmente, busque se concentrar olhando apenas para a sua prova. Deixe as questões difíceis para o final. E uma dica bônus: o Enem possuí um sistema chamado de TRI, que preza que o aluno acerte questões fáceis. Do contrário, interpreta-se que esse aluno colou. Confie no seu potencial e sempre tenha o seu sonho em mente, pois ele te dará a motivação necessária.

Rivalidade Feminina, Parte 2 – Por que acontece e como superar

 


Rivalidade Feminina, Parte 2 – Por que acontece e como superar

  Bom dia, boa tarde ou boa noite a você que se comprometeu a ler este texto, sejam todos muito bem vindos! No último texto da coluna Batom Vermelho, nós falamos um pouco sobre rivalidade feminina e como ela surgiu, hoje nós vamos falar por que isto acontece até hoje, afinal, grande parte do mundo não vive mais no contexto em que a rivalidade feminina começou, então por que isso se perpetua?

  Como vimos no último texto, a sociedade, tempos atrás, era totalmente diferente da nossa, não havia tanto conhecimento da ciência, medicina, não havia tecnologias como a internet, celulares, isso tudo é muito novo. Então, apesar do contexto ter mudado, vários comportamentos e pensamentos continuam sendo reproduzidos como se fossem uma verdade absoluta, a rivalidade feminina não tem a ver com brigas, puxões de cabelo ou algo do tipo, ela é muita das vezes sutil, mas poderosa, às vezes nem percebemos quando dizemos alguma coisa, mas sem querer estamos incentivando essa rivalidade.

  E, inclusive, os homens, por muitas vezes não se interessarem pelo assunto feminismo ou ao menos não terem conhecimento sobre, acabam sendo grandes propagadores das “Fake News Femininas”. Esse é um termo inventado por mim (uma das autoras da coluna) para designar alguma frase, mensagem que parece ser real, parece ser boa, às vezes, mas na verdade incentiva a rivalidade feminina, um exemplo dessas Fake News é quando um homem diz “Você não é como as outras!” Xii... ALERTA Fake News Feminina, sim eu sei que a intenção é muitas vezes elogiar, mas você não precisa diminuir todas as outras mulheres para elogiar alguém, certo?

  Veja outro exemplo que aconteceu com a Isabela Andrade, uma das autoras da coluna. Certa vez, ela foi a um evento de arte junto com um grupo de Hip-Hop de que ela participava. Ela estava na plateia e uma menina de cabelos cacheados subiu no palco e estava preparando para se apresentar, quando um integrante do grupo que estava ao lado dela disse: “Vai lá jogar seus cachos na cara dela!” com o intuito de “elogiar”, claro. No momento, Isabela até riu, mas depois de chegar em casa e repensar a situação, ela percebeu que era um exemplo de rivalidade feminina, algo sutil, mas capaz de colocar as mulheres umas contra as outras.

  Não pense que são somente homens que incentivam isso, acontece com praticamente todos uma hora ou outra, é algo que veio de muito tempo, é estrutural, e é difícil mudar, mas não impossível. As pessoas que reproduzem esse comportamento, na maioria das vezes não tem culpa, muitas vezes não percebem o que estão fazendo, às vezes, não sabem que a rivalidade feminina existe e, se essas pessoas reproduzem esse comportamento/pensamento, é porque elas já foram ensinadas a isto.

  É triste viver num mundo semeado de ódio e desconfiança estrutural. Por isto é que tive o trabalho de escrever estes textos, acredito que informando as pessoas sobre esses problemas, conversando com elas, falando sobre a história, os comportamentos, as pessoas podem mudar, podem perceber, assim como eu, que algo está errado, descobrir o que, ficar atento a essas falhas e tentar não repeti-las. É assim que evoluímos.

  Para terminar, gostaria de apresentar a vocês um termo feminista lindo chamado “sororidade”. Não, eu não escrevi errado e não tem a ver com som, é SO-RO-RI-DA-DE, que significa uma união entre as mulheres apoiada na empatia e companheirismo que busca alcançar e manter relacionamento e atitudes positivas entre elas. Dessa forma, as mulheres se juntam e se apoiam sem julgamentos a favor da igualdade de gêneros. É uma relação de união, de afeição e de amizade entre mulheres.

  Eu não sei você, mas eu prefiro um mundo espalhado de amor e confiança, onde as pessoas podem ser quem elas são, sem julgamentos, e com muita compreensão. Sim, eu sou uma sonhadora, uma sonhadora colocando a mão na massa tentando construir um mundo melhor, tentando transformar sonhos em realidades, nem que seja uma pessoa de cada vez. O que você acha de ser a próxima pessoa, caro leitor?


segunda-feira, 5 de outubro de 2020

QUERIDA INFÂNCIA

 

Por Vitória Maria Gava Ferreira, 3.9

 

QUERIDA INFÂNCIA


 

Castelos feitos de barro, com baldes

Colheres e a mangueira,

A roupa toda suja

E o sorriso radiante, mesmo com poucos dentes,

Os que visitam sentem a energia

A euforia, a alegria

Há muito o que aprender,

Muito o que tocar, sentir, viver

Por enquanto,

O pequeno só se preocupa em brincar,

Faz bagunça em casa, deixa pegadas no chão

Rola na areia e dá e finge que é um leão,

Gosta de ouvir histórias, e assistir televisão

Vai para a escolinha, e canta uma canção.

As primeiras palavras, descobertas,

Uma vida cheia de emoção

Porém também os primeiros espantos

E muita, muita imaginação.

PARA ELE

 

Por Priscila Rebeca Siqueira, 3.11

 

PARA ELE


 

Éramos as estrelas.

A música.

O tempo.

Éramos o Sol.

A lua.

O vento.

Éramos assim

Sem início nem fim

Um fluxo perfeito

Que o prendia a mim.

Éramos o ciclo

A rua vazia

A jazida.

Que jaz ia

encontrar em mim.

Éramos o eco

O arco reflexo

Que refletia a mim.