O comedor de ossos abocanha a presa decepando assim a carne maldita.
O comedor de ossos é o lobo que mal quer saber da inútil carne vermelha, inflamada, cheia de pus.
O comedor de ossos é o sistema fazendo a presa alienada vomitar. Agora, propriamente sabendo que ele, vítima, criou o demônio que vai arrancar a pele, a pele da carne, a carne dos ossos. Encontra dois caminhos: estourar as cordas vocais em meio a praças ou vender o cérebro a um museu de cera. Enfim, descobrimos que a mentira imperava e as verdades foram reveladas pelos abegões entreveros, cujas patas sujas empunhavam taças de crânios, celebrando em ceia, aos risos, a sandice humana.
Bebendo sangue de Cristo, mastigando as vísceras de crianças e idosos.
O comedor de ossos é o velho Catatau Dentes de Ouro com anéis aos dedos vergastados pelo tempo. Ouviram-se ao longe nas montanhas, as palavras trazidas pelo vento:
– Chorem , filhos desgraçados. A batalha final hoje se fez e vai ecoar para todo o sempre.
Renan Gustavo Almeida Braz Viveiros, 2.7