Google+ Tribuna Estudantil - O Jornal do HD: 11/12/18

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Biografia


Laís Felipe de Moraes, 3.13

Biografia

A
ristóteles caminhou despretensiosamente por Atenas centenas de vezes. É ele o dono da ideia fadada ao esquecimento de que somos seres sociais, políticos, diferentemente do conceito deturpado de política dos dias de hoje. Aguardando a deixa perfeita para seu discurso recheado, sim, de pretensões, definira tal valor como intrínseco em todos os seres humanos.
Em 2016 fui convidada a me candidatar ao cargo de vereadora jovem. Houve eleições pela escola e ganhei o primeiro lugar, sendo acompanhada por mais duas pessoas. Nós ganhamos cadeiras na Câmara Municipal de São João del-Rei e nos reuníamos todas as sextas com o propósito de criar preposições de lei para a cidade.
Sentados como adultos, nós, treze adolescentes de diferentes escolas e realidades, desenvolvemos atas, propostas de lei e discussões vitais para nosso crescimento. Elegemos presidente, vice e secretário, tivemos cerimônias de iniciação e encerramento, aparecemos na TV e sentimos na pele o que nossa presença e intervenção poderiam alcançar se fossem constantes.
A iniciativa não só me fez ver a complexidade de se formular uma lei, mas também a falta de maleabilidade de um país emaranhado em burocracia. Diante da infeliz crise vivenciada pelo Brasil, a falta de compromisso e empenho das personalidades elegidas na cidade é denunciada quando propostas beirando a inutilidade tomam o espaço de iniciativas realmente transformadoras.
Em um país onde não se estimula a produção, o investimento e a autonomia, a política vira crime. O jogo e a corrida presidencial não envolvem o eleitor, apático, indisposto a se tornar um criminoso. Porém, garanto que a experiência inesquecível que adquiri ao ceder curtas horas do meu dia me sentando e encarando a realidade não me tornaram passível de prisão, e sim de extrema liberdade – sentimento de que todos os cidadãos deveriam usufruir.

Meu patrimônio: fonte de motivação


Júlia Maria Mendes Oliveira – 3.12

Meu patrimônio: fonte de motivação        

A
história de cada indivíduo é marcada e formada através dos vários momentos vivenciados, sejam eles bons ou ruins, como também por bens materiais e imateriais que nos remetem algum valor importante. Como exemplo, esta casa é um bem material e patrimônio privado de meus avós maternos, seus quatorze filhos que ali foram criados e seus netos.
Localizada na cidade de Santa Bárbara do Tugúrio, no interior do estado de Minas Gerais, foi construída em meados da década de 1960 e atualmente não há moradores. Traz consigo a sua grande importância tanto física quanto abstrata e sentimental, visto que marcou o início da vida de minha mãe e seus irmãos.
Inicialmente era feita de barro e sapé, depois adquiriu telhas de barro e paredes de tijolos. Embora seja antiga, humilde, precária e desagradável aparentemente, estão guardadas em cada centímetro quadrado de sua estrutura lembranças de uma simples família que se encontrava às margens da sociedade, sobrevivendo aos extremos da pobreza na zona rural, assim como nas realidades denunciadas em livros naturalistas.
Esta é uma casa onde cresceram guerreiros, pessoas que superaram das mais difíceis adversidades. Mesmo com as boas recordações não "pesando" tanto quanto as ruins, ambas são cicatrizes de experiências que contribuíram com a forte personalidade das duas gerações originadas: filhos e netos.
O patriarca da família muito valoriza este edifício e não permite de modo algum que seja destruído, pois é motivação para todos nas ocasiões em que a vida testa nossas identidades como vencedores. Este lugar é, para nós, sinônimo de superação.

Biografia


Karine de Oliveira Gomes, 2.8

Biografia

A
o chegar à adolescência, indo à fase adulta, "Ele" achava que tudo se resumia ao simples prazer. Prazer esse que eu diria que seria mais curiosidade. Curiosidade essa que sairia caro; não só no sentido material, mas também no sentido afetivo e psicológico. Essa curiosidade não passava de uma mera ilusão. Tudo começa com influências "negativas". O querer conhecer algo diferente não passava de uma droga. "Ele" começa pela maconha. Mas antes disso, ao conhecê-lo, minha mãe sempre falava que "Ele" tinha seu trabalho, mas ao se ver diante da recompensa do seu trabalho, "Ele" gastava com as drogas. Falo drogas, porque não ficou só na maconha, passando pela cocaína e chegando ao crack. Droga essa que fez com que afetasse o convívio entre eles.  Ficamos então eu e minha mãe. O que fazer agora? Minha mãe, muito especial - quando digo especial não é só no sentido de ser mãe, mas no sentido de ser mãe-pai, trabalhando para que não deixasse faltar o mínimo para nós - sempre foi muito correta em relação as suas atitudes. Não posso me esquecer de falar de Deus, que sempre esteve conosco e junto de minha avó paterna. Avó essa que nunca desistiu de seu filho. Filho que se desviava cada vez mais, deixando que a vida lhe escapasse entre os dedos, mas novamente Deus estava presente. Foi quando surgiu um lugar que para "Ele" era uma prisão, mas, para sua família, e principalmente sua mãe, era o lugar que poderia ajudá-lo a se libertar dessa dependência e sair dos prazeres mundanos que havia destruído não só sua vida, mas a vida das pessoas que o amavam. Um lugar ao qual "Ele" decidiu ir por conta própria depois de muitas tentativas. Esse lugar era uma clínica para dependentes químicos. O tempo passou... Permanecera lá por nove meses, tempo esse que simbolizou para nós um renascimento. Foi quando o nomearam para monitor da clínica, ficando na cidade de Juiz de Fora monitorando essa clínica por dois anos. Então decidiu recomeçar sua vida ao lado de sua família, aos meus 12 anos "Ele" me procura para que eu possa ajudá-lo a se reconciliar com minha mãe, conversaram e assim "Ele" voltou para junto de nós. Essa atitude da minha mãe fez a diferença em nossas vidas. Iríamos recompensar o tempo que ficamos afastados. Hoje voltou com seu trabalho e está junto de nós. Esteve presente em minha festa de 15 anos, pois havia perdido muitas datas importantes. O “Ele” citado é meu pai. A clínica que citei, que para muitos é um lugar visto como prisão, foi o passaporte para liberdade do meu pai e um lugar de extremo significado para mim. Esse é meu bem histórico.

Biografia


Karen Letícia Ferreira Neto

Biografia

M
eu nome é Karen, moro em Barbacena – MG e o maior bem que possuo em minha vida é a casa de minha falecida e saudosa avó.
Meus pais construíram nossa casa no mesmo terreno, nos fundos da casa de meus avós paternos. Eles trabalhavam o dia todo e, com isso, eu e minha irmã ficávamos com nossos avós. Com meu avô convivi pouco tempo, pois ele faleceu quando eu tinha quatro anos de idade. Já com a minha avó, tinha contato todos os dias, praticamente o dia todo. Senhorinha de oitenta e poucos anos de idade, com muita fé e amor incondicional, minha avó manteve a família sempre unida. A casa dela sempre foi, além de abrigo de boas lembranças, a nossa base de ensinamentos. Sempre, apesar de toda e qualquer dificuldade, lá estava ela, feliz e carinhosa... Às oito horas da manhã, lá estava ela, trajando pijaminha flanelado de cores meigas, com cheirinho de café fresco sendo passado no coador de pano na cozinha, e, enquanto isso, ela tratava de seus bichinhos de estimação com o mesmo afeto com o qual tratava nós, humanos. Ao longo do dia, sua rotina não muito agitada devido à idade: fazer almoço, organizar a casa, “crochetar” na varanda, ver TV (mais precisamente terços e novelas), cafezinho às dezessete horas, banho, um pouquinho mais de TV, e depois dormir. Uma vida tranquila, pacata, porém, muito boa.
E lá estava eu, acompanhando tudo de perto, participando de grande parte de sua rotina.
Sextas-feiras e domingos eram seus dias preferidos. Tinha prazer em deixar a casa toda arrumadinha para receber a parte "mineira" da família. Era tradição: sexta tinha a macarronada especial – receita feita pelo meu avô anos e anos, e depois pelas minhas tias, minha mãe e minha irmã, como uma forma de manter meu avô ali presente e a família unida, como ele sempre gostou de ver. Aos Domingos, era feira, missa, almoço na casa da vó, cheirinho de frango ou carne assando no forno, cervejinha para acompanhar o "tira-gosto", refrigerante aos que não bebiam, com direito à sobremesa, seus netos e bisnetos correndo de um lado para o outro, passando pela casa, gritando, fazendo farra e enchendo nossa avó de felicidade e orgulho de toda a família que criou.
Assim era a rotina, até que, infelizmente, ela faleceu, deixando-nos cheios de saudade, mas também de gratidão por termos tido a oportunidade de conviver e aprender com ela. Atualmente, a família, ou parte dela, encontra-se na casa, uma vez por mês, em um almoço de domingo.
Por isso e por vários motivos que não caberiam em palavras, afirmo que a casa da minha avó é o maior "bem" que possuo, pois foi lá que presenciei e aprendi a mais verdadeira e pura forma de amor, de união, de afeto, de fé e, sobretudo, a lição de que são nos detalhes mais simples que se encontra a verdadeira felicidade.

Arte


Priscila Siqueira, 1.5