Laís Felipe de
Moraes, 3.13
Biografia
A
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ristóteles
caminhou despretensiosamente por Atenas centenas de vezes. É ele o dono da
ideia fadada ao esquecimento de que somos seres sociais, políticos,
diferentemente do conceito deturpado de política dos dias de hoje. Aguardando a
deixa perfeita para seu discurso recheado, sim, de pretensões, definira tal
valor como intrínseco em todos os seres humanos.
Em 2016 fui convidada a me
candidatar ao cargo de vereadora jovem. Houve eleições pela escola e ganhei o
primeiro lugar, sendo acompanhada por mais duas pessoas. Nós ganhamos cadeiras
na Câmara Municipal de São João del-Rei e nos reuníamos todas as sextas com o
propósito de criar preposições de lei para a cidade.
Sentados como adultos, nós, treze
adolescentes de diferentes escolas e realidades, desenvolvemos atas, propostas
de lei e discussões vitais para nosso crescimento. Elegemos presidente, vice e
secretário, tivemos cerimônias de iniciação e encerramento, aparecemos na TV e
sentimos na pele o que nossa presença e intervenção poderiam alcançar se fossem
constantes.
A iniciativa não só me fez ver a
complexidade de se formular uma lei, mas também a falta de maleabilidade de um
país emaranhado em burocracia. Diante da infeliz crise vivenciada pelo Brasil,
a falta de compromisso e empenho das personalidades elegidas na cidade é
denunciada quando propostas beirando a inutilidade tomam o espaço de
iniciativas realmente transformadoras.
Em um país onde não se estimula a
produção, o investimento e a autonomia, a política vira crime. O jogo e a
corrida presidencial não envolvem o eleitor, apático, indisposto a se tornar um
criminoso. Porém, garanto que a experiência inesquecível que adquiri ao ceder
curtas horas do meu dia me sentando e encarando a realidade não me tornaram
passível de prisão, e sim de extrema liberdade – sentimento de que todos os
cidadãos deveriam usufruir.