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segunda-feira, 1 de junho de 2020

Entre o gume e o fruto

Por André Lucas Antunes Dias, 3.9

Entre o gume e o fruto





Lâmina mortal
Mortal castração
Inchação
Fugaz é o descuido do gume em ação
O corpo sente a inversão de polos
Já não se mantém no sóbrio
Procura o vale
Mas acaba por encontrar-se no pântano
Nadando na lama, tal qual seres unicelulares

Livre arbítrio, quem é você?
Ontem você sorria a mim
Hoje me flagela com um amargo bom dia
Em que plano tu estás, livre arbítrio?
Até que ponto já quebrou os espelhos?
Até quando ainda deixa que a luz escoa sobre as ideias?
Até quando a inversão de polos ainda o pega?
Que ave é essa que tem asas, mas só segue o caminho que a natureza determina seguir?

Faca de dois gumes...
O assassino trazia uma faca de
dois gumes
Levou minhas cinzas
E não as jogou ao mar
Ou em algum pote singular
Que não se pode achar
O assassino misturou minhas células
Em seu covil de explosões neuronais
Experimentos abissais

O disparate natural disse-me que a lâmina tinha a leveza de uma pluma
Devia estar embalsamado para a ilha de Alcatraz
Quando inspirou tal loucura

O espelho se quebrou
O ego se mostrou falho
Deixou de olhar apenas de soslaio

No solo árido
O núcleo cada vez mais pesado ainda tende
De tempos em tempos a natureza tenta ditar qual o meu lugar
Ah! Não hei de me aprisionar
E você, livre arbítrio, haverá?

Ele me responde
Não sei de onde:
"Oh, meu querido
Só saberá se todos os espelhos quebrarem
E com o gume uma fruta descascar
Mesmo que esteja podre
Algo nela há de se achar
Alguma semente que se possa
plantar
Ou então com ele uma árvore escalar
Na dor do encaixe e prazer da altitude
Que lá de cima desfrute
A vista que só assim pode deslumbrar
Vinha do gume... .

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