Google+ Tribuna Estudantil - O Jornal do HD: 04/04/25

sexta-feira, 4 de abril de 2025

A Vida Leve Como as Flores

 Por Night Charm

A Vida Leve Como as Flores


Sentei-me à sombra do tempo e deixei que o vento me contasse segredos.

Ele veio manso, como quem nada exige, e sussurrou histórias que já conhecia,

mas que sempre pareciam novas.

“Por que a pressa?”, perguntou-me, enquanto as folhas dançavam sem rumo certo.

“Não vês que até as flores esperam a hora exata para desabrochar?”

Abaixei os olhos, sem resposta.

Quantas vezes desejei apressar os ciclos,

afagar com as mãos impacientes aquilo que só poderia vir com a estação certa?

“E se eu não souber o caminho?”, ousei perguntar, quase num sussurro.

O vento sorriu — não com som, mas com movimento.

As flores também não sabem, mas seguem a luz, e isso lhes basta.

“E quando a tempestade vier?”, insisti, sentindo o medo crescer como raízes profundas.

O vento suspirou entre os galhos.

“Ela sempre vem, mas as flores não se encolhem. Elas se curvam, jamais quebram.”

Fiquei ali, entre o som do mundo e o silêncio do meu próprio peito.

Senti o sol aquecer-me a pele e as pétalas roçarem meus dedos.

Talvez a vida seja isso — confiar sem ver,

seguir sem perguntar, florescer sem temer.

“Mas e se o inverno durar mais do que deveria?”, arrisquei, temendo a resposta.

“O inverno nunca dura além do necessário”, respondeu-me com ternura.

“É ele que fortalece as raízes, que ensina o caule a resistir.”

Fechei os olhos e inspirei o perfume da terra.

A resposta sempre esteve ali, sutil e paciente como a brisa.

Talvez não precisemos saber de tudo, 

Apenas confiar que a primavera sempre chega.

E então, como quem já sabia a resposta, 

O vento partiu, e eu permaneci.