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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Uma História de Vitória


Vitória Maria, 1.2

Uma História de Vitória

À
s vezes, me lembro daquela pequena igreja azul, me comparo a ela em muitas ocasiões, vendo as relações sociais das pessoas na minha frente, enquanto eu fria e quieta aguardo alguma chance de me relacionar, sozinha na multidão, sendo usada, desrespeitada ou tratada como objeto, embora também veja os risos alheios, me empolgo, me alegro, me enfeito às vezes, sinto a paz do silencio, ouço os gritos dos cantos, as músicas, e tudo isso faz parte de mim, da minha história. E da história daquela igreja. Talvez você não acredite no que eu vou lhe contar. É uma verdade difícil de ser digerida por muitos, mas peço que leia este texto com carinho, respeitando as minhas crenças e a de minha família, que sempre vem me apoiando em tudo. Espero que goste.
Deus é a essência da vida, mesmo que às vezes você se esqueça de que ele está lá e se sinta sozinho, ele te vê se perguntando "por quê?" te acompanha em todos os passos, e passa por todo o sofrimento junto de ti. Deus também contém toques mágicos, aqueles que nem a ciência; nem os ateus; nem os historiadores conseguem desvendar. Como o motivo de partículas comprimidas se expandirem de repente, criando um universo tão vasto e bonito. Ou dois gametas se encontrarem e darem origem a uma vida.
 Minha história começa bem antes de mim, acho que todas começam assim; mas pra resumir, vou começar com a história daquela pequena igreja azul que citei no começo.
Tudo começou com uma vontade, uma vontade incomensurável de um jovem descendente Italiano de levantar uma capela em um alto morro de uma cidade. Esse jovem por coincidência era meu parente, algo como o irmão do meu bisavô... Pelo que me contam. Mas pra essa vontade se consolidar era preciso uma imagem, algum título para se erguer a capela. Maio de algum ano que eu não me lembro, pois não estava lá, mas era um mês frio, semana de exposição, e uma imagem de Nossa Senhora de Fátima estava a caminho de Barbacena, por algum motivo inesperado o Helicóptero que a carregava teve problemas ao tentar pousar. E teve que aterrissar em outro lugar, foi logo naquele morro que o Italiano Zinho sonhava. Alguns diriam que foi pura coincidência, pra ele algo divino. Mas não há dúvidas que aquele era o destino. E minha mãe cresceu ao lado daquela igreja, até que alcançou certa idade e reencontrou certo rapaz que havia estudado com ela, então um disse para o outro "Não quero nada sério"; um dia depois se beijaram; um mês depois esse rapaz estava bebendo vinho na casa dela com a minha avó chamando ele de genro. Alguns anos depois e eles estavam casados. (então você para e pensa em como um dia da sua vida pode mudar toda a sua história, se a minha mãe tivesse decidido fazer outro percurso aquela tarde, talvez a minha casa não existiria hoje, nem as rosas, nem as flores, e nem a pessoa que relata esses fatos contundentes, aquele momento que você percebe que uma esquina mudaria a sua vida).
 Algo que não citei é que minha mãe tem um problema de sangue chamado ''von Willebrand'' uma doença hemorrágica hereditária. Resumindo: Ela não pode se cortar, e qualquer pequena esbarradinha é motivo para um novo hematoma. Consequentemente, não podia ter filhos... Nunca! Algo que ela escutou desde pequena; filhos chegavam a ser sinônimo de morte. Enfim... Se passaram três anos após o casamento, minha mãe engravidou!!Ela era professora de informática na Escola Agrícola (atual IFET) e já estava comigo em seu ventre havia cinco meses. Ao voltar pra casa... Um deslize do carro, em frente aquela igreja, um acidente trágico que quase nos levou a morte. Sim quase, minha mãe diz que a única coisa que viu naquele instante foram nuvens. Nossa senhora de Fátima apareceu em meio às nuvens! Ela diz ter sentido um amparo, como se mãos divinas protegessem aquele carro. Só onde estávamos não foi destruído completamente, minha mãe me sentiu pular, então não viu mais nada. Todos tiveram que ir para Juiz de Fora (pois em Barbacena não há um hospital específico para a doença dela). Minha mãe foi se recuperando, um dia a enfermeira chegou perto dela e disse "Se esse bebê for uma menina tem que se chamar Vitória, pois será uma vitória!!". Algumas semanas depois e uma prima da minha mãe vai visitá-la e leva uma grande imagem da mãezinha (como eu gosto de chamar carinhosamente Nossa Senhora) para ela, e diz "Se esse bebê nascer tem que se chamar Maria, pois foi Maria quem a salvou''. Adivinhem quem está escrevendo este texto?? Vitória Maria. E eu perguntava "Mãe, por que não Maria Vitória?". E ela "Porque Vitória veio primeiro". Tá bom, tá bom... acho que isso já serve como biografia para eles.
Certa professora me aconselhou a ser objetiva, eu tentei! Tentei mesmo!! Acho que me saí bem até aqui (se acha que não me saí bem, nem imaginaria o que eu tinha em mente para escrever, desde já agradeço). 
Pra começar saibam que eu procrastino demaaaais e sou muito esquecida, diria que este texto é para ser entregue amanhã, porém já passou da meia noite, e eu estou aqui rezando pra o site não atualizar. Amo escrever, e desejo esse futuro pra mim, se a hipocrisia, o tempo e o dinheiro não me separarem. Poucas pessoas realmente gostam de ler, isto me desmotiva bastante, trocam páginas por telas a todo instante, uma coisa que certamente a folha não faz é me trair... Já tinha começado isto antes, entretanto parece que o notebook não gostou das minhas frases, pois ele decidiu simplesmente apagar tudo... E não é a primeira vez essa semana. Poucas pessoas entendem o que eu realmente quero dizer, e colocam nomes onde não há nomes isso me irrita um pouco. Se quiserem nomes eu lhe darei nomes, não tenho por que esconder verdades, na verdade... Eu lhe darei nomes se me lembrar deles (Já falei que sou muito esquecida?). Enfim... Eu escrevo desde que eu aprendi a escrever óbvio, mas eu conto histórias desde que me entendo por gente!! Minha mãe lia pra mim, e eu amava aqueles contos infantis! Nada de Chapeuzinho Vermelho, nem Bela Adormecida esses já estão ultrapassados demais! Meu livro preferido era "Chapeuzinho Amarelo" de Chico Buarque, mas tinham vários outros... Além das historinhas que meu pai inventava, me contava toda noite era "O olho só" a história de um monstro horripilante, mas bonzinho que consertava bicicletas! Histórias com leões, dragões e até o Minotauro! Quando eu tinha uns 5 aninhos eu chegava à escola e contava as historinhas para os outros, um dia a professora me viu e me nomeou de "Vitória contadora de história" mesmo que eu ache que ninguém mais se lembre disso. (Valeu tia Eneida!) Já no 4º ano, eu aprendi a rimar, ficava brincando com isso o dia inteiro!! Amava a "arte de combinar palavras". Até que um dia, sem querer virou poesia, e ficou gravado "Vitória contadora de história Maria contadora de poesia" como eu amava esses títulos!!
 No 8º ano, primeiras desilusões amorosas, foi um momento crítico onde falar sobre amor já não fazia sentido, e eu nem percebia que Deus estava ali comigo, mas quando só se enxerga dor... Não se enxerga mais nada. Eu poderia falar sobre isso como se fosse ontem, ou melhor, como se fosse hoje. Dia 15 de maio de 2016, tarde ensolarada, violão preto na porta, noite fria. Mas... Considerando que são 3 e 7 da manhã... Melhor desconsiderar esses detalhes. O importante foram aqueles dois meses que eu não conseguia nem rabiscar algo escuro no canto do papel, que não conseguia fazer nem uma rima boba e isso me atormentava a cada dia que passava. Acho que foram os dois meses mais longos da minha vida, pense... Estou aqui há 5 horas e nem vi o tempo passar. Apelidei está fase de "crise criativa". 
Hoje estou aqui, descobri as metáforas e não consigo mais me livrar delas... Mudei bastante, me destruíram e eu me reconstruí, segurei na mão de Deus e me apoiei nas pessoas que sempre me contavam histórias, (esqueci de dizer que meus avós também sempre me contavam fábulas).
Bem minha estrutura nunca foi de ferro. E eu continuo me comparando a aquela pequena igreja azul, estão reformando ela. Eu era uma capelinha hoje sou uma basílica, fui me construindo a cada pedrinha. Ela literalmente cresceu, mas assim como eu, e este texto, ainda está em construção...

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