Sarah Lourdes, 1.1
Lembranças
F
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alar do passado é falar de
lembranças, boas ou ruins. Elas fazem parte da nossa história, são tantas
lembranças, e cada uma delas nos ajudam a construir a nossa história. Nem sei
por onde começar as minhas lembranças... Por onde começar? Claro, da minha infância.
Bom, maior parte da minha infância foi em Alfredo Vasconcelos. Praticamente me
mudei pra lá ainda era bebê, foi lá que eu cresci, tive as melhores lembranças
e as piores. Mudei pra lá tinha 8 meses, mas não me recordo disso. Lembro das
brincadeiras na rua com os meus amigos, ficávamos até tarde da noite na rua
brincando. Bola, pique esconde, soltando pipa. Como lá não tinha muitas meninas
fiz muita amizade com meninos, e um deles é o Victor ele era meu melhor amigo,
brincávamos de tudo e brigávamos. Nos dois somos filhos únicos então ele era
como um irmão para mim. Se pudesse voltar nesse tempo, nessas lembranças boas,
que saudade da minha cidade. Mas como nem tudo são flores, existem as
lembranças ruins... Foi em Alfredo Vasconcelos que eu perdi a pessoa mais
importante da minha vida: meu pai. Eu era muito nova quando aconteceu, tinha 5
anos mas me lembro bem. Éramos muito grudados, ele era tudo pra mim! Lembro das
vezes que eu e ele "fugíamos" da minha mãe, íamos para cachoeira.
Lembro de quando ele começou a me ensinar a nadar, da vez que eu quase me
afoguei. Mas quando eu tinha 5 anos perdi isso tudo. Aos meus 4 anos meu pai
foi diagnosticado com câncer no intestino, já estava num estágio bem avanço. Um
ano depois eu o perdi... Eu era muito novinha não entendia bem, mas lembro da
vez em que fui visitar ele no hospital. E tenho a minha última lembrança dele,
foi no meu aniversário de 5 anos ele já estava muito doente, o médico já tinha
falado para minha mãe que era só mais um mês. Minha mãe não queria que a minha
última lembrança dele fosse em um hospital, então, ela organizou uma festa de 5
aninhos pra mim. Não gosto muito de ver as fotos da festa, meu pai já estava
muito magro, muito doente. Não é esta lembrança que eu quero ter dele, quero
lembrar daquele cara sempre com o sorriso no rosto, brincando comigo. Mas
continuando, no dia 30 de maio de 2008 eu perdi o meu papai, o meu herói. Tenho
a lembrança como se fosse ontem minha mãe chegando sem ele, parece que eu já
estava sentido no meu coração. Perguntei para ela: "cadê o meu
papai?" E ela me disse: "Seu papai virou uma estrelinha no céu".
No dia do velório dele eu não estava entendo bem, então fiquei com o meu melhor
amigo. Já no dia do enterro, minha mãe achou melhor eu não ir, lembro que
fiquei com o meu padrinho e chorava, falava: "eu quero o meu papai, deixa
eu vê ele". Como a cidade é pequena, todo mundo sabia do ocorrido. A minha
antiga diretora, minha querida Tia Imaculada foi até minha casa, me deu muito
apoio. Lembro de uma vez estava na escola e ouvi as minhas coleguinhas
comentando "O pai dela morreu". Vou parar por aqui, porque já estou
chorando. Só tenho a dizer que a vida é assim, cheia de lembranças boas ou
ruins. Mas são elas que constroem a nossa história.
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