Google+ Tribuna Estudantil - O Jornal do HD: Testosterona em dobro

terça-feira, 12 de maio de 2015

Testosterona em dobro

Chegando ao shopping, logo na entrada, vejo um casal de namorados não tão convencional aos olhos de muitos.
Sem muito ânimo para aguardar o início da sessão e completamente entediado, dou voltas pelos corredores de lojas até retornar ao cinema.
Assim que retorno ao hall do cinema, deparo-me com o casal novamente. Dois rapazes, ambos bonitos (um, moreno, com estatura mediana, ombros largos, não aparentando ter mais de 17 anos; e o outro, com características semelhantes, tirando os cabelos louros, olhos azuis e seus possíveis cinco centímetros a mais na estatura). Provavelmente, são amantes de esportes e malhação, pois seus portes físicos (de darem inveja) parecem de dois atletas, talvez nadadores, jogadores de vôlei, ou apenas praticantes de musculação. Estão de mãos dadas, escolhendo qual filme ver.
Parados a minha frente na fila, olhando para as telas com horários e nomes de filmes, eles conversam. Enquanto isso, a mulher da bilheteria, sentada logo à frente deles, encara-os com o olhar um tanto intrigado - com o qual eles parecem não se importar.
Depois de um longo diálogo, eles escolhem o filme, por ventura, o mesmo que o meu. Vamos para o canto esquerdo do hall, onde está a lanchonete do cinema. Assim que chegam, pedem pipoca e refrigerante.
A atendente, um pouco inconveniente e preconceituosa, pergunta-lhes "Por que dois rapazes bonitos namoram?" e, logo em seguida, faz um comentário grosseiro, sugerindo que eles deveriam se sentir envergonhados e que o que estavam fazendo era errado. Sem dar importância à atitude da moça, pegam o pedido e vão para a entrada da sala esperar que a porta seja aberta para irmos assistir ao filme. Obviamente, também fiz meu pedido e o peguei.
Achei muito nobre a postura dos dois em relação ao preconceito dela, pois podiam, e penso eu que deveriam, ter feito uma reclamação, porque ela tem que tratar a todos com muito respeito e educação, sendo que temos uma sociedade tão diversificada e livre, livre para amar quem quiser, livre para se fazer tudo, ou quase tudo, que se quer.
Não a julguei, pelo fato de que, se estivesse fazendo isso, estaria agindo igual a ela, mesmo que meu julgamento tivesse fundamentos e argumentos melhores.
Escuto alguém falando comigo, me despertando deste breve devaneio. "Que casaco bonito! Gostamos dele. Comprou aqui no shopping?". Eram dois rapazes virados agora na minha direção, olharam fixamente do meu casaco para os meus olhos, esperando por uma resposta. Pareciam apreensivos por esta, porém, um pouco receosos com qual poderia ser tinha reação, talvez pensasse que eu poderia reagir como a mulher. Mas, pelo contrário.
Estiquei minha mão em sinal de cumprimento a eles. Enquanto passava do aperto de mão do moreno para o louro, respondi à pergunta com sorriso no rosto: "Não foi neste, comprei no Pátio. E, a propósito, vocês formam um lindo casal. Parabéns!".

Autor Desconhecido

Nenhum comentário:

Postar um comentário