É estranho, mas às vezes parece que a vida quer nos dar uma lição pela forma mais bruta que há.
Era segunda-feira, minha avó e eu tínhamos combinado de ir ao asilo, pois pretendia ver como era a vida lá. Ao entrarmos no asilo, cenas tristes, de pessoas que estavam lá há anos, sem receber nem uma visita.
Minha avó decidiu se sentar num banco que lá havia e nesse banco tinha um senhor, com o nome de Manoel, que confidenciou à minha avó e eu algo triste que, infelizmente, está sendo comum.
Manoel, de 69 anos, há dez no asilo, começou a trabalhar numa empresa ferroviária. Trabalhava muito para ganhar pouco e não era reconhecido pelo que fazia. A mulher dele só queria o dinheiro, os filhos não o respeitavam. Num dia comum de trabalho, Manoel se distraiu, não escutou que o trem iria passar por ali e perdeu os braços e as pernas no acidente que sofreu.
Minha avó, curiosa, disse a ele que daqui a dois dias seria Natal e perguntou onde ele iria passar as festividades. Manoel, com a cabeça abaixada, disse que nesses dez anos no asilo, nenhum dos três filhos ou a mulher lhe convidou para passar o Natal ou outras datas especiais com ele. Preferem pensar que ele é um mito. Fomos embora naquele mesmo dia, mas com um pensamento diferente, de que devemos dar valor a nossa família. Se eles não nos valorizam, devemos nos amar, mostrar o nosso valor a eles.
Essa história tem um ano. Nunca mais vi Manoel, mas soube que ele está se recuperando bem e que está mais feliz, mostrando que é possível ultrapassar limites.
Sheila Siqueira Dias Martins, 3.2
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