Eis-me aqui no prantear solitário...
Se eu pudesse a estes sons morrer na escuta,
Bendito seria a meu triste calvário!
Tão belo seria meu falecer com as folhas,
E debaixo às árvores esconder-me ainda...
Haveria alegria no perfume das flores?
Se eu pudesse morrer nesta paz tão infinda!
Mas que tola ilusão vem preencher-me o seio...
Se pensei que um dia aqui eu pudesse adormecer.
Não mereço ter nas flores o meu póstumo leito.
Não mereço ter na brisa o meu alvorecer!
Mas meus sonhos não pararam - de preencher-me o sentido
Meus desejos não deixam de pairar diante de mim...
Então nos pássaros encontro os meus versos já perdidos,
E no orvalho eu mergulho neste mar de jasmim!
Ó, Natureza, Floresta de meu amor!
Una-me a ti e me torne tão pura...
Que melancólica incerteza, e eu já padeço em pavor:
Por não poder saciar-me de tanta e profunda ternura!
Em suas árvores se eu pudera derramar minhas paixões,
E nas secas folhas despedaçar todo o meu pavor...
Seriam pedras as minhas dores, e pétalas minhas paixões...
Seriam brancas as minhas asas, se em minha alma houvesse amor!
Jéssica Santos Rosa, 1.8
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