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terça-feira, 15 de maio de 2012

Minha mãe

Uma das pessoas mais lindas que conheci. Não falo de beleza física, mas de beleza interior. Não consigo me lembrar de quando passei a admirá-la. Para mim, a sua figura representava minha fortaleza, meu refúgio, meu consolo e minha energia.

Desde pequena, lembro-me dela lutando para nos dar o mínimo de conforto. A vida era tão difícil, mas ela não deixava de nos dar um sorriso, uma palavra carinhosa. E quando não tínhamos o que comer, lembro-me das lágrimas nos seus olhos. Se pudesse, nos dava o mundo. Ela cresceu sem família e nós éramos a sua família.

Seis filhos, nossa, cada um com os seus problemas, pensamentos. E ela aí, firme. Minha mãe parecia um gigante, pronta para enfrentar qualquer batalha por nós. Quantas vezes precisei do seu colo, do seu conforto. Sempre conversávamos e, às vezes, no silêncio, eu tinha certeza do seu amor.

Para mim, meu pai era mais frágil, mais carente. Ao contrário, ela, nosso porto seguro. Se fosse falar dela, acredito, daria para escrever milhares de livros. Quantas vezes pude contar com ela. Uma lágrima, um sorriso, um abraço. Tudo era tão mais fácil com ela. E os conselhos, embora sempre achássemos que não iríamos precisar. Mas lá vinha ela com um. Mesmo que, na hora, eu não entendesse.

Nunca imaginei, nem por um momento, que ela me deixaria. Para mim, ela era eterna. Nunca iria me deixar. Falávamos de tudo, menos de morte, despedida. Para quê? Para que quebrar o encanto da sua presença? Do seu abraço, nos momentos mais difíceis. Não me imaginava sem ela. Para mim, a nossa união não teria fim. Mas, nem tudo é como a gente quer e deseja.

Minha primeira perda. Meu pai, foi tão difícil sentir a sua partida. Quando é com os outros, nem temos ideia, mas quando é com a gente... Nossa, foi um pedaço da corrente que se partiu. Minha mãe sentiu tanto que aos poucos foi mudando, mas não demonstrava. Ela não queria fraquejar. Ela sabia que estávamos ali e não podíamos falhar.

Tive reações estranhas com a perda do meu pai. Problemas emocionais, quase perdi minha filha. Mas, minha mãe estava lá, ao meu lado. Para mim, estava fora de cogitação a sua partida. Um tempo depois, ela adoece. Pedi a Deus por ela tantas vezes. E Ele me atendia. Ela estava comigo, sempre. Tinha certeza de que ela não iria me deixar.

Mas nem tudo era para sempre. Um dia, ao acordar, me deparo com ela na cama, imóvel. Chamava por ela e não me atendia. Horas a fio, e nada. Tive certeza da sua morte quando o médico me falou. Foi difícil acreditar. Foi um choque tão grande que não chorei, fiquei meio que suspensa. Não queria creditar que aquela pessoa que estava ali, sem vida, era minha mãe. Aquela figura tão forte ali, tão fria. Não conseguia entender, acreditar.

Eu tinha que seguir em frente. Mas, como, sem ela? O que faria? Teria forças, coragem? Mas Deus me deu essa força. E eu tenho essa coragem, fortaleza, amor, dentro de mim, pois eu herdei dela. Lembro-me dela a todo o momento. Toda hora.

Sei que tenho que seguir em frente, pois meus filhos precisam de mim. Mas tenho sempre a certeza: ela, para mim, não morreu. Estará sempre guardada no meu coração, sempre, sempre. Não importa quanto tempo passe, vou te amar, sempre.

Um beijo para você, minha mãe. Meu amor especial.

Marilene Lopes Rodrigues, EJA1.3

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