Karen Letícia
Ferreira Neto
Biografia
M
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eu nome é Karen, moro em
Barbacena – MG e o maior bem que possuo em minha vida é a casa de minha
falecida e saudosa avó.
Meus pais construíram nossa casa
no mesmo terreno, nos fundos da casa de meus avós paternos. Eles trabalhavam o
dia todo e, com isso, eu e minha irmã ficávamos com nossos avós. Com meu avô
convivi pouco tempo, pois ele faleceu quando eu tinha quatro anos de idade. Já
com a minha avó, tinha contato todos os dias, praticamente o dia todo.
Senhorinha de oitenta e poucos anos de idade, com muita fé e amor
incondicional, minha avó manteve a família sempre unida. A casa dela sempre
foi, além de abrigo de boas lembranças, a nossa base de ensinamentos. Sempre,
apesar de toda e qualquer dificuldade, lá estava ela, feliz e carinhosa... Às
oito horas da manhã, lá estava ela, trajando pijaminha flanelado de cores
meigas, com cheirinho de café fresco sendo passado no coador de pano na
cozinha, e, enquanto isso, ela tratava de seus bichinhos de estimação com o
mesmo afeto com o qual tratava nós, humanos. Ao longo do dia, sua rotina não
muito agitada devido à idade: fazer almoço, organizar a casa, “crochetar” na
varanda, ver TV (mais precisamente terços e novelas), cafezinho às dezessete
horas, banho, um pouquinho mais de TV, e depois dormir. Uma vida tranquila,
pacata, porém, muito boa.
E lá estava eu, acompanhando tudo
de perto, participando de grande parte de sua rotina.
Sextas-feiras e domingos eram
seus dias preferidos. Tinha prazer em deixar a casa toda arrumadinha para
receber a parte "mineira" da família. Era tradição: sexta tinha a
macarronada especial – receita feita pelo meu avô anos e anos, e depois pelas
minhas tias, minha mãe e minha irmã, como uma forma de manter meu avô ali
presente e a família unida, como ele sempre gostou de ver. Aos Domingos, era
feira, missa, almoço na casa da vó, cheirinho de frango ou carne assando no
forno, cervejinha para acompanhar o "tira-gosto", refrigerante aos
que não bebiam, com direito à sobremesa, seus netos e bisnetos correndo de um
lado para o outro, passando pela casa, gritando, fazendo farra e enchendo nossa
avó de felicidade e orgulho de toda a família que criou.
Assim era a rotina, até que,
infelizmente, ela faleceu, deixando-nos cheios de saudade, mas também de
gratidão por termos tido a oportunidade de conviver e aprender com ela.
Atualmente, a família, ou parte dela, encontra-se na casa, uma vez por mês, em
um almoço de domingo.
Por isso e por vários motivos que
não caberiam em palavras, afirmo que a casa da minha avó é o maior
"bem" que possuo, pois foi lá que presenciei e aprendi a mais
verdadeira e pura forma de amor, de união, de afeto, de fé e, sobretudo, a
lição de que são nos detalhes mais simples que se encontra a verdadeira
felicidade.
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