Google+ Tribuna Estudantil - O Jornal do HD: O novo garoto chegou

quinta-feira, 18 de julho de 2013

O novo garoto chegou

Era mais uma tarde do dia 12 de maio - um dia das mães normal - com uma família conversando sobre como é bom ter uma família, ser o "modelador" de uma nova vida, enfim, ser mãe.

Nesse dia, a família Bernini se reunira para fazer o que todas as outras famílias fazem nesse dia: parabenizar a anfitriã da família - para alguns, apenas mãe, e para outros, avó - e dizer durante o dia inteiro como ela é especial.

O ano era 1996 e, após tantos elogios para as mamães dessa família, surgiu o assunto de ser mãe mais uma vez, de sentir tudo o que muitas já sentiram. Até que a filha do meio da anfitriã de vovó decide sair e então sua irmã mais nova diz: "o novo garoto chegou".

Já se passava das 22h. O jantar já estava servido pelos filhos. Contudo, quando todos foram à mesa, e a filha do meio, carinhosamente apelidada de "brava flor", não está presente na casa, na rua ou nos vizinhos. Ela simplesmente sumi, mas nessa família, isso já era algo normal.

Em meio a tantas vidas diferentes, surge na maternidade uma garota com 29 anos, de longos cabelos vermelhos e pele clara como a neve. Seu nome era algo diferente de se pronunciar. A recepcionista não sabia se era "Deusimar" ou então "Deus e Mar". Felizmente, ou não, conseguiu ensiná-la a pronúncia correta. A garota estava grávida de 7 meses e foi levada para a sala de parto.

A dor era tanta que ela não aguentava, e em meio a tantas lágrimas somente lhe importava saber o estado do seu filho. O estado do "novo garoto".

Quando chegou a notícia na família Bernini por volta das 23h40min, um misto de alegria e medo afetou todos os parentes da Branca Flor. Ninguém sabia que ela estava grávida.

Foram exatamente 15 minutos de aflição quando se escutou no silencio da noite tão fria de Barbacena um choro fraco de um bebê. A alegria preencheu o coração de todos. Não demorou muito, o médico apareceu dentre aqueles pálidos corredores para dizer que o garoto nasceu, mas por ser prematuro e por possuir ulceração crônica no estômago, não teria mais de sete dias de vida. Aquele sorriso se transformou em tristeza por saberem que esse garoto não veria o sol por muito tempo e que viveria em meio a uma família, no mínimo, diferente.

Para maior tristeza da família e desespero da mãe, ou melhor, a mais nova mamãe, o garoto deveria ficar numa incubadora e as primeiras 24h seriam decisivas. No outro dia, a mãe é liberada da maternidade, já que fora submetida a uma cirurgia para o nascimento do garoto, que ainda nem possuía nome, e, então, deixou a maternidade com seu coração apertado.

Todos os dias a jovem mãe visitava seu filho, junto com sua mãe e irmã. Ficavam durante horas naquele lugar esperando o pior acontecer. Para surpresa de todos os dias foram passando e aquele garoto começou a adquirir vontade de viver, de querer ser um homem. A mãe se alegrou com isso e conta para toda a família que também se sentem alegres.

O garoto sobreviveu durante sete dias, duas semanas, um mês e durante um ano esteve internado. No dia 12 de maio de 1997 é levado para a casa e recebido com muito amor.

Passam-se os anos...

Passa-se o tempo e aos sete anos esse garoto se torna uma criança; embora não brinque com as outras e prefira estudar ao invés de correr pelos campos e subir em árvores; ainda é uma criança com personalidade forte e com sonhos inocentes de se tornar um professor de História. Desde muito cedo, esse garoto se mostrou apto a dominar a escrita e a fala; possuía um campo de visão diferenciado e vontade de sempre conhecer mais.

Na escola, era sempre escolhido para pequenas dissertações e textos com dez a 15 linhas. Por se destacar tanto, por inúmeras vezes, sua mãe era chamada para comparecer à escola, para receber cartas de recomendação e elogios pelo filho.

Aos 14 anos, surgem para seu filho propostas de participação de grêmios estudantis, ser mediador entre os alunos e professores, participar da rádio local da escola e ser pré-selecionado a estudar no colégio mais renomado da cidade. Novamente, a escrita e a fala o favoreciam e, com o tempo, isso se aperfeiçoava e, juntamente com melhorias na comunicação, aumentava naquele garoto o senso crítico e a noção de tornar-se uma pessoa realizada. Os sonhos que viviam naquele garoto começaram a se transformar em "metas" a serem cumpridas, metas que se tornaram parte vital para a sua vida, como se fosse algum órgão de seu corpo.

Assim que esse garoto completou 15 anos, as propostas de trabalhar em ramos que envolvem a comunicação aumentaram. As oportunidades aumentaram, mas isso somente aconteceu por que houve maior comprometimento do jovem garoto, que aos 15 anos de vida, julgava-se adulto.

Com isso, as responsabilidades aumentaram e o garoto começou as ser visto pela família, amigos (que eram poucos) como um homem. A idade era pouca, mas a mentalidade já ultrapassava os estereótipos de um adolescentes - alguém que não se importa com deveres e deseja apenas viver o momento - e isso acabava alimentando a vontade de sempre ser alguém melhor.

No ano de 2011, esse garoto começou um novo ensino - Ensino Médio - e com isso, sua mentalidade também se modificou: o foco centralizou-se em se aperfeiçoar e ser um profissional - que até então era lecionar História - e construir uma carreira estável.

Durante este ano, surgiram maiores oportunidades, e a maior delas foi a proposta de fazer um Curso de Eventos, que interconecta comunicação com marketing pessoal. Com um pouco de receio, o garoto aceitou e no decorrer dos dias acabou mostrando importantes habilidades para se tornar um bom professor.

As habilidades em comunicação se desenvolveram de forma espantosa, a escrita melhorou progressivamente e sua imagem consolidava-se a cada dia. Tanto que durante seus 15 a 17 anos as transformações sempre aumentaram e foram importantes para a sua vida social e profissional. O passado deixou marcas que são essenciais para sua vida. O futuro é algo imprevisível que iremos tentar construir a cada minuto; e esse garoto sabe disso, e deseja estar bem consigo e viver como alguém normal.

Seu nome é Parley Silva e sua história, mesmo declamada, torna-se um mistério, já que sua vida não se resume apenas em algumas folhas ou palavras, mas sim em cada uma das pessoas que lhe ensinaram o que é viver e jamais desistir.

Parley Lopes Bernini da Silva, 2.8

Um comentário:

  1. muito bom o texto,isso comprova que DEUS da oportunidade para todos viverem e serem felizes,mesmo com as dificudades da vida

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