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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Gama

Não posso imaginar essa minha velhice. Falta pouco para a minha morte. O meu cansaço é histórico. Bem gratificante, sou um velho sim. E o que tem nisso? Estou pronto para morrer e deixar esse meu corpo para os vermes e para o fogo. Não irei me importar para onde ele irá. O mais importante é que com ele eu fui feliz.

Ah! Como era bonita a minha infância, juventude. Agora vejo o quanto amadureci. Quem nunca teve idéias erradas? Quem nunca pensou em ser hippie? Eu pensava muitas coisas e poucas delas me fizeram um bom velhinho.

Eu me lembro da grande banda Beatles – grande escândalo. Revolucionou a nossa juventude. Lembro também daqueles protestos, as ruas cheias de pessoas, bandeiras, faixas. Tudo isso me marcou muito.

Novas tardes de sol vermelho encobriram esses loucos. Reis da música surgiram, morreram, contribuíram para essas porcarias de hoje. Loucos todos éramos e somos. Tentem ver, sugar alguma substância dos tempos de hoje – principalmente nas músicas. Eu era louco; vivi numa época de esperança, descobertas. Mas hoje existem outros loucos por terem esperança demais; aceitam as descobertas sem ajudar a descobri-las. Para falar a verdade: ainda sou um louco. Veio essa porcaria, no meio de tantas pessoas esquisitas dizendo saber muito sem saber nada. Velhas tardes de sol vermelho não encobrirão a loucura.

Sinto-me cansado por ver tanta idiotice, e não me venham dizer que estou defendendo a minha época. Mentira! Ela também era ruim. Mas nessa não consigo ter palavras para expressar o meu asco.

Se eu morrer agora ou depois não me importo com o mundo. Eu vivi pensando ser rei e gostava. Morrerei sonhando em ser um mendigo que ao conhecer o mundo, esse imenso palácio; por ser velho e achar que tenho muita experiência, virei o rei da própria fantasia. Esse meu país é carnaval, vive ainda de fantasias.

Não faço histórias, nem penso na vida mais. O mundo interessante que eu achava, morreu por causa da estupidez. Sou estúpido e não me envergonho. Só que agora estou ficando com sono... Uma vontade de deitar... Ah! Como não quero levantar mais! Preciso sonhar, assim como esse povo, preciso da ilusão do sono eterno. E eu... Eu não sou velho coisa nenhuma. Certo desta vida complexa, sinto-me um bebê burro, indefeso e destruidor.

Boa noite!!

Carla Sheyesllen Ribeiro Alves, 3B/2010

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