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quarta-feira, 3 de maio de 2017

O milagre

POR DANIELA CRISTINA MADEIRA MOREIRA, 2.4

Olá! Meu nome é Ana, encontro-me há cinco meses participando do Grupo Grávidas em Superação (GGDS) e contarei a vocês a parte mais importante da minha vida.
Hoje me encontro com 30 anos de idade, sou casada e me formei na faculdade que sempre sonhei, fui criada por uma família humilde, em um lar onde meus pais prezavam por respeito, gratidão e amor. Formei-me em pediatria, optei por tal curso devido ao amor por crianças, sempre existente em mim, e a enorme vontade de ajudá-las juntamente com a frustração de não ter condições para isso. Tinha por objetivo me formar e poder fornecer aos meus pais o que eles sempre mereceram, mas de que abriram mão para investir em meu futuro e de meus irmãos; logo após, casar-me com o homem que me apoiou em toda minha trajetória e formar uma família.
Tudo corria como planejado: estudei, tenho um bom trabalho, mesmo contra suas negações (para conservar meu dinheiro), tive o casamento dos meus sonhos e com meu cúmplice construí nossa casa e conquistei tudo que tenho hoje. Foi tudo maravilhoso, como planejado, até, após várias tentativas de engravidar e não conseguir, procurar o médico a fim de saber o que estava ocorrendo. Após alguns exames, recebi a notícia que me chocou e, sem dúvidas, mudou minha vida sem que eu hesitasse: sou estéril. Convivi com isso durante 30 anos, fiz planos, sonhei sem saber que eles não se concretizariam. Entrei em uma depressão profunda, busquei ajuda e fui afastada do trabalho. Doía cada vez que me pegava observando famílias completas, revoltei-me e passei por um extenso período árduo.
Durante dois anos, lutei contra essa grande barreira imposta em minha vida e consegui controlar-me. Enfrento os pequenos períodos ruins do dia a dia com facilidade e não me deixo abater com esse fato. Porém, por mais que eu lute, a esperança em mim morre; a cada imprevisto, eu consulto o teste de gravidez e não obtenho o resultado desejado. Não obterei.
Dois anos se passaram, 730 dias de frustrações e os mistos momentos de conformidade e revolta, a loucura dos testes diminuíram. Faz três dias que ando tendo dores, falta de apetite, atraso e tonturas, porém as esperanças acabaram. Durante esses dias, luto contra a vontade de correr até a farmácia, porém no quinto dia, quando abro a gaveta do guarda-roupa a fim de encontrar meu termômetro, acho junto a ele um último teste. Não consegui me conter: deu positivo! Depois disso, apago. Acordo no hospital e o médico é o primeiro rosto que vejo. Ele confirma a gravidez e acrescenta ser um milagre.
Os sete primeiros meses de gestação foram acompanhados de extrema alegria, ansiedade e preparos para a chegada de Laura, nossa princesa.
Corria tudo bem até o dia em que fui acordada por um sangramento contínuo. Meu marido imediatamente me levou ao médico. Havia algum erro com a nossa bebê. Ouvi palavras como “retirada” e “sete dias”. Eu não podia deixar, ela fazia parte de mim, não podia aceitar... Quando voltei ao estado normal, fui explicada sobre o que estava acontecendo e, acompanhada de muito choro, consegui entender a tragédia. Minha filha estava com problemas, não resistiria e, juntamente com sua vida, se encontrava a minha em alto risco. Tive direito a sete dias para me decidir, sete dias difíceis, e eu optei por lutar por ela, pelo ser que então em mim habitava e era a razão de toda a minha felicidade. Tenho ciência de que seria em vão, que morreríamos, mas estava disposta a lutar por ela até o fim.
Foram dois meses de muita dor, eles disseram que era suicídio, mas consegui forças de onde não tinha. Foram dois dias, sessenta dias acrescentados à vida e tirados de nós duas, estávamos morrendo, eu tentei, juro que tentei...
Chegou o dia de partir, de provar o meu amor pela minha criança. Sobre a mesa de cirurgia, aplicaram-me alguns medicamentos que não consegui identificar. Era muito barulho, vultos e mais vultos. Eu estava feliz e a escuridão caiu sobre meus olhos. Morri? Não. Acordei sem saber o porquê de ter acordado, ouvi um choro, uma mocinha, era minha filha, minha bebê.
Hoje, ela completa seis meses, não desenvolverá a fala e não tem controle sobre seus movimentos. Ela é linda, perfeita aos meus olhos. Hoje, faz seis meses que obtive a melhor escolha da minha vida.

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