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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Ensinando a ensinar

 

Ensinando a ensinar

 

Caros leitores, no último texto expliquei por que devemos encher o mundo com conhecimento e dedicação, agora vou tentar dar algumas dicas práticas sobre como/quando ensinar, vamos por tópicos:

- Atente-se ao momento: Uma vez um amigo meu vegetariano me disse o seguinte, que se ele quisesse convencer a alguém a se tornar vegetariano, ele nunca deveria começar falando disso num churrasco de família. O raciocínio é simples: em um churrasco, a maioria das pessoas vão com intenção de comer carne, elas na maioria das vezes não vão estar dispostas a abdicar daquela refeição naquele momento porque um jovem está com pena dos animais; o meu amigo poderia usar todos os melhores argumentos da face da Terra para convencer o pessoal. O problema não seria o debate, mas a ocasião, as pessoas não estariam abertas a aprenderem sobre isso. Ao invés disso, é melhor você entrar nesse assunto despretensiosamente, enquanto bebem um refrigerante num passeio no parque por exemplo, pois as pessoas estariam mais abertas àquela conversa. Muitas vezes quando as pessoas começam a debater sobre feminismo, elas não querem realmente aprender, querem xingar, ou se dizerem donos da verdade. É preciso observar esses aspectos para que as pessoas não criem um bloqueio sobre o assunto que você quer debater.

- Por favor, não xingue: Eu sei… É difícil ver um homem dizer que mulher não tem a capacidade de entender sobre futebol sem ao menos pensar na palavra “sexismo” ou ver um homem dizendo que mulher dele tem que lavar, secar e cuidar dos filhos enquanto ele toma a cervejinha de domingo, é muito difícil não dizer “Ah! Que machista!”, mas é extremamente necessário. Principalmente porque as mulheres têm cada vez aprendido mais sobre o feminismo e tudo que se relaciona a ele, logo ela aprende o nome dos movimentos, a estrutura, o nome das atitudes etc. Com isso, é normal no começo, ao ver o que ela aprendeu, nomear, às vezes é até sem querer, faz parte do processo de aprendizado, é igual quando nós aprendemos sobre rimas e quando vemos um slogan na televisão gritamos “olha! Isso rimou!”, mas esse comportamento, de nomear as atitudes das pessoas por mais que sejam incoerentes é um tiro no próprio pé, pois as pessoas que possuem esses comportamentos, na maioria das vezes, não sabem que é errado, não sabem sobre feminismo etc., a única coisa que elas sabem é que o termo “Machista” é algo ruim e então aparece uma moça e a primeira reação dela é dizer “Nossa, que machista!”. E ao invés dessa pessoa que errou aprender algo e não fazer de novo, o que acontece? Ela diz que o feminismo é o inferno na Terra, que as feministas são sujas e peludas, que as mulheres estão cada dia mais chatas, é ataque por ataque. E isso não nos leva a lugar algum, vou contar uma história para exemplificar.

  Uma vez minha mãe e eu estávamos no supermercado, e havia um homem no caixa xingando muito uma moça que também trabalhava no caixa, ele gritava com ela, usava palavrões etc., eu e a minha mãe ficamos do lado da moça, obviamente, que estava calada, nós falamos “Moço, você tá ficando louco? Não pode xingar a menina assim, não, seu machista!”.  Você acha que o moço de repente se tocou dos seus erros e pediu desculpas arrependido? Porque no fundo era o que eu e minha mãe queríamos. Não! Ele começou a xingar a mim e a minha mãe. Você acha que depois disso minha mãe se tocou que havia feito algo errado e pediu desculpas? Claro que não... Ataque por ataque. Naquele dia, não houve conhecimento, debates calorosos de mentes sedentas por saber, não. Todos saíram prejudicados, a moça foi xingada, minha mãe, o moço. Eu e minha mãe ficamos com tanto medo dele partir para a agressão física que saímos do mercado, e aquele dia eu tive a certeza de que o feminismo era algo ruim. Não! Apenas o modo como lidamos com ele. Hoje eu penso que, na hora, poderia chamar o gerente para ele resolver, pegar o número de celular da moça, fazer amizade com ela, procurar saber o que aconteceu, chamar ela para uma roda de conversa entre mulheres, fazer um clube do livro sobre feminismo, voltar ao supermercado, ser gentil com o moço e convidá-lo para um debate sobre feminismo. É meus amigos… mudar o mundo é difícil, mas eu garanto que vale a pena. E agora, mesmo que eu volte àquele mercado e os dois personagens desta história estivessem no mesmo lugar, eu garanto que iria ser três vezes mais difícil convencer o moço de que o feminismo é uma coisa boa. Porque, mesmo sem querer, na visão dele, o feminismo o xingou.

- Tente incluir os homens: O movimento feminista preza pela igualdade de direitos entre todos os indivíduos da sociedade, então por que quando há um vídeo falando sobre feminismo, as mulheres costumam compartilhar somente entre elas? E para essa pergunta há muitas respostas, mas acho que a principal é: O medo, medo de descobrir que nossos amigos também são machistas, medo de rirem da nossa cara, medo de perguntarem ironicamente “Você é feminista?”. Medo de não verem a indicação com bons olhos, medo, muito medo. Mas o feminismo é em si o desejo de igualdade entre todos, os homens e principalmente eles, devem ser incluídos nesses assuntos, nós mulheres nunca vamos conseguir transformar o mundo sozinhas, muitas de nós estão envolvidas nos assuntos feministas, mas os homens, não. E esse assunto é pra ontem! Como vamos diminuir o machismo se os homens, que são os protagonistas dessa história, não sabem direito o que machismo significa, se eles acham que é normal pedir para a mulher tirar o batom vermelho, ou se eles se sentem superiores as mulheres de alguma forma. Homem, se você estiver lendo isso, muito obrigada, de verdade, eu não estou dizendo que todo homem se comporta de tal jeito ou maneira, estou dizendo que muitos se comportam, eu sei que existem milhares de homens muito bons, querendo aprender e querendo ver o mundo também um pouco melhor, nós mulheres precisamos da sua ajuda, se puder, passe adiante o seu conhecimento e este texto, e assim, suavizamos o amanhã, nem que seja, leitor por leitor.


terça-feira, 17 de novembro de 2020

A importância de ensinar


 

A importância de ensinar

 

Caros leitores, hoje trataremos de um assunto pouco discutido, mas muito importante. Já citamos aqui que nosso intuito é instruir, passar conhecimento e informação, fazer as pessoas aprenderem um pouco mais, principalmente sobre o feminismo. Mas hoje não discutiremos assuntos específicos do feminismo, mas o próprio ensino. Nós, as garotas do Batom Vermelho, desejamos que você, ao aprender algo conosco, passe esse conhecimento adiante. Explicarei a importância disso e logo depois falaremos sobre dicas de como ensinar melhor.

  Eu, desde pequena, sempre amei livros, meu sonho era ter uma casa com uma enorme biblioteca, hoje em dia esse sonho não cabe mais a mim, não pela falta de entusiasmo ou desinteresse, mas pela filosofia que isso traz. Imagine eu em uma casa enorme, repleta de livros, um sonho para quem ama ler, mas eu sou uma pessoa só e, trazendo esse sonho para a realidade, teria que passar um bom tempo limpando todos os livros da sala, e para quê? Afinal sou uma pessoa só e demoro para ler um livro inteiro, além disso, leio um por vez, então para que milhares apenas juntando poeira, sendo que se não estivessem na minha casa poderiam estar nas mãos de bons leitores, ajudando suas vidas, trazendo lazer, diversão? Depois que parei para pensar sobre o meu sonho da casa com a biblioteca, percebi que era um sonho vazio, então decidi doar boa parte dos meus livros. Não está sendo fácil, mas já me desfiz de alguns que li e, na contracapa, eu sempre escrevo uma frase simples e poderosa que tem tudo a ver com este texto “Conhecimento guardado é conhecimento perdido”.

  Quanto mais sabemos, menos alienados, mais fortes, mais abertos à resolução de problemas; quanto mais conhecimento, melhor. Fato! Até mesmo quando você começa a ler Friedrich Nietzsche, se debruça em cima do niilismo e chora como se não houvesse amanhã, ainda tem a parte do Übermensch, ou, como falam aqui no Brasil, o Super Homem de Nietzsche, que na minha opinião é uma luz em meio ao caos. Até mesmo esse filósofo tem frases deveras otimistas como “É preciso ter o caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante”. Quando aprendemos, mesmo ao passar por períodos turbulentos, sempre chegamos a algum bom lugar, pois mesmo ao perceber o caos do mundo, começamos a pensar em como lhe trazer no mínimo uma luz.

  Leonardo da Vinci fala sobre conhecimento nesta frase: “O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã.” É este meu desejo: suavizar o amanhã. Mas para obter uma melhora é preciso saber primeiro o que melhorar, é preciso saber o que há de errado, o que podemos fazer para melhorar, como e qual a melhor maneira, como fazer isso mais rápido. Como fazer com que as pessoas queiram aprender? Como ensinar? Como convencer pessoas que estagnaram em uma opinião que muitas vezes nem pertence a elas, apenas não foi questionada? Tudo bem... Respira, escritora, respira... Até o narrador desse texto sabe como a autora se empolga ao falar sobre este assunto (conhecimento, no caso).

Um aviso: eu provavelmente vou dar um nó na sua cabecinha hoje, que espero amenizar depois, quem sabe fazer um laço? Com certeza, muitos de vocês conhecem a seguinte frase “Só sei que nada sei.” de Sócrates. Essa frase, por mais inusitada e paradoxal que pareça, é o início do conhecimento; nós não sabemos, nós devemos questionar absolutamente todas as coisas, chegar a uma conclusão para depois de ter certeza que sabe, questionar o que já foi aprendido e aprender que não sabe nada, mas sabe alguma coisa, e mesmo assim correr atrás para saber mais, e quando souber, descobrir que não sabe. Confuso? Talvez. Trabalhoso? Demais. E sabe por que fazemos isso? Porque o universo não veio com manual de instruções. Se você for parar para pensar, está todo mundo aprendendo a viver, crianças, idosos, todos os dias, todas as horas, e o que podemos fazer é tentar melhorar este mundo confuso para as próximas gerações, com conhecimento. Pense por um segundo se todas as pessoas do mundo pensassem que já sabem de tudo... Ninguém aprenderia, não haveria evolução.

 Sim, pessoas, eu não sei, a Isabela não sabe, e o que estamos fazendo aqui nesta coluna, então? Aquela parte trabalhosa: tentando, questionando, pensando, aprendendo, desaprendendo, aprendendo mais e tentando fazer outros se juntarem a nós.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Rivalidade Feminina, Parte 2 – Por que acontece e como superar

 


Rivalidade Feminina, Parte 2 – Por que acontece e como superar

  Bom dia, boa tarde ou boa noite a você que se comprometeu a ler este texto, sejam todos muito bem vindos! No último texto da coluna Batom Vermelho, nós falamos um pouco sobre rivalidade feminina e como ela surgiu, hoje nós vamos falar por que isto acontece até hoje, afinal, grande parte do mundo não vive mais no contexto em que a rivalidade feminina começou, então por que isso se perpetua?

  Como vimos no último texto, a sociedade, tempos atrás, era totalmente diferente da nossa, não havia tanto conhecimento da ciência, medicina, não havia tecnologias como a internet, celulares, isso tudo é muito novo. Então, apesar do contexto ter mudado, vários comportamentos e pensamentos continuam sendo reproduzidos como se fossem uma verdade absoluta, a rivalidade feminina não tem a ver com brigas, puxões de cabelo ou algo do tipo, ela é muita das vezes sutil, mas poderosa, às vezes nem percebemos quando dizemos alguma coisa, mas sem querer estamos incentivando essa rivalidade.

  E, inclusive, os homens, por muitas vezes não se interessarem pelo assunto feminismo ou ao menos não terem conhecimento sobre, acabam sendo grandes propagadores das “Fake News Femininas”. Esse é um termo inventado por mim (uma das autoras da coluna) para designar alguma frase, mensagem que parece ser real, parece ser boa, às vezes, mas na verdade incentiva a rivalidade feminina, um exemplo dessas Fake News é quando um homem diz “Você não é como as outras!” Xii... ALERTA Fake News Feminina, sim eu sei que a intenção é muitas vezes elogiar, mas você não precisa diminuir todas as outras mulheres para elogiar alguém, certo?

  Veja outro exemplo que aconteceu com a Isabela Andrade, uma das autoras da coluna. Certa vez, ela foi a um evento de arte junto com um grupo de Hip-Hop de que ela participava. Ela estava na plateia e uma menina de cabelos cacheados subiu no palco e estava preparando para se apresentar, quando um integrante do grupo que estava ao lado dela disse: “Vai lá jogar seus cachos na cara dela!” com o intuito de “elogiar”, claro. No momento, Isabela até riu, mas depois de chegar em casa e repensar a situação, ela percebeu que era um exemplo de rivalidade feminina, algo sutil, mas capaz de colocar as mulheres umas contra as outras.

  Não pense que são somente homens que incentivam isso, acontece com praticamente todos uma hora ou outra, é algo que veio de muito tempo, é estrutural, e é difícil mudar, mas não impossível. As pessoas que reproduzem esse comportamento, na maioria das vezes não tem culpa, muitas vezes não percebem o que estão fazendo, às vezes, não sabem que a rivalidade feminina existe e, se essas pessoas reproduzem esse comportamento/pensamento, é porque elas já foram ensinadas a isto.

  É triste viver num mundo semeado de ódio e desconfiança estrutural. Por isto é que tive o trabalho de escrever estes textos, acredito que informando as pessoas sobre esses problemas, conversando com elas, falando sobre a história, os comportamentos, as pessoas podem mudar, podem perceber, assim como eu, que algo está errado, descobrir o que, ficar atento a essas falhas e tentar não repeti-las. É assim que evoluímos.

  Para terminar, gostaria de apresentar a vocês um termo feminista lindo chamado “sororidade”. Não, eu não escrevi errado e não tem a ver com som, é SO-RO-RI-DA-DE, que significa uma união entre as mulheres apoiada na empatia e companheirismo que busca alcançar e manter relacionamento e atitudes positivas entre elas. Dessa forma, as mulheres se juntam e se apoiam sem julgamentos a favor da igualdade de gêneros. É uma relação de união, de afeição e de amizade entre mulheres.

  Eu não sei você, mas eu prefiro um mundo espalhado de amor e confiança, onde as pessoas podem ser quem elas são, sem julgamentos, e com muita compreensão. Sim, eu sou uma sonhadora, uma sonhadora colocando a mão na massa tentando construir um mundo melhor, tentando transformar sonhos em realidades, nem que seja uma pessoa de cada vez. O que você acha de ser a próxima pessoa, caro leitor?


quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Rivalidade Feminina - Um passado angustiante que diz nos detalhes “Eu existi”

 

Rivalidade Feminina - Um passado angustiante que diz nos detalhes “Eu existi”

Olá, querido(a) leitor(a)! Hoje nós vamos falar um pouquinho sobre a relação entre mulheres nos dias de hoje. É muito comum ouvirmos e vermos brigas e inimizades entre mulheres. Com certeza você conhece ou ao menos ouviu falar de uma menina que não gosta da outra por simplesmente motivo nenhum! E quando se trata de amizades homogêneas, homens e mulheres divergem tanto que esse tratamento cai inclusive em muitos memes na internet que geralmente são mulheres se tratando bem, mas por trás há mentira e desconfiança, e os homens se zoando, mas no meme aparecem como “amigos de verdade” por trás da suposta brincadeira.

  A rivalidade feminina é tão forte em nossa sociedade que acontece das mães de meninas ensinarem para as filhas desde pequenas que mulher é “cobra”, que em mulher não se confia, que é para as garotas manterem uma certa distância da coleguinha, para não se prejudicaram, inclusive eu, Vitória Gava, já presenciei o caso de uma adolescente fingir estar namorando um menino para poder ir no cinema - a mãe da garota não deixava ela sair de casa com as amigas que a menina conhecia há 6 anos, mas podia sair com um menino que conhecera há um mês. (Leitores, vocês não acham isso, no mínimo, estranho?). Por que uma criança é alertada por alguém para não confiar nas coleguinhas? E, mais importante, porque somente nas “coleguinhas” e não nos coleguinhas? Se alguém vai ensinar sobre confiança a outra pessoa, que ensine direito! “Não confie em estranhos, não aceite comida deles. Não deixe ninguém tocar suas partes íntimas! Não acredite em tudo que ouvir, algumas pessoas mentem. Tome cuidado! Não conte seus segredos a qualquer um.” Mas por que alguém faz questão de destacar desconfiança em um certo grupo de pessoas sem nenhum motivo?

  O assunto é complexo e merecedor de grande atenção, então, primeiro, vamos entender um pouco como isso tudo começou. A competição entre mulheres teve início quando a mulher era desfavorecida de méritos políticos, econômicos e intelectuais. Os homens tinham uma vida comum, por assim dizer, mas as mulheres eram proibidas e desencorajadas de ter a mesma participação na sociedade. O “papel” da mulher neste período era procurar por um bom homem, casar-se e ter filhos com ele, além de ter que cuidar das crianças e fazer os serviços domésticos. Falando sobre esse assunto, hodiernamente, a vida da mulher tempos atrás não parecia ser muito animadora, mas é importante que você, caro leitor, se imagine naquela época, para que possa entender melhor. Lembre-se de  que o mundo anos atrás não possuía tanto conhecimento, quase todas as coisas eram explicadas com histórias sobre magia, deuses, espíritos, então, por exemplo, quando uma mulher se casava, mas não conseguia ter filhos, diziam que Deus estava castigando-a por algum pecado. Na época, a sociedade era bem mais religiosa, tudo que fugisse do comum daquela época era considerado sujo, deplorável, um verdadeiro castigo divino.

   As mulheres tinham o dever de se casar e constituir uma grande família. Se quisessem ser  respeitadas, o primeiro passo era buscar um marido e, para isso, tinham que se destacar das demais. Quanto mais mal falada as outras pretendentes eram, melhor. Após começarem a amar um homem (quando os casamentos não eram arranjados), as mulheres deviam conceber filhos; por um motivo religioso, biológico, social e por não haver tantos métodos contraceptivos, as mulheres tinham muitos, muitos filhos (só isso, com certeza, já ocupava bastante tempo delas). Pensa que acabou? Não. Ainda tinham que cuidar da casa (e não havia máquina de lavar, ferro elétrico, fogão a gás, aspirador etc). Talvez você esteja se perguntando, mas por que as mulheres sucumbiam a isso? Elas simplesmente não tinham outra escolha, a sociedade era assim, as mulheres não podiam estudar nem trabalhar, nem votar, nada!  E essa sociedade perpetuava até pouco tempo atrás, até a ciência chegar e provar que mulheres e homens, por incrível que pareça, são da mesma espécie. E, para mais uma surpresa dos homens, temos a mesma capacidade cognitiva. Essa sociedade se prolongou até descobrirmos que o fato de alguém não conseguir ter filhos não é um castigo divino e pode ser explicado logicamente. Durou até nos darmos conta de que muitas coisas não faziam sentido, eram apenas cretinices espalhadas por aí sei lá por quem, e é por isto que a sociedade pode mudar e ainda vai mudar muito! Porque tem uma mulher digitando cada palavra neste texto, uma mulher que observou alguns comportamentos estranhos e disse “Opa, peraí, isto aqui não tá legal, não; o que vocês acham? vamos mudar?”.

  Se ainda existe algum cético leitor correndo os olhos neste texto, eu tenho apenas duas coisas a lhe dizer: a primeira é que você é dos meus!; e a segunda coisa é que certo tempo atrás eu li um livro que me surpreendeu, inclusive no prefácio. O livro coleciona a biografia de várias mulheres e seu nome é bem autoexplicativo: “Mulheres que ganharam o Prêmio Nobel em Ciências - suas vidas, lutas e notáveis descobertas”. Algumas coisas que me chamaram a atenção nesse livro é que praticamente todas as mulheres tiveram dificuldade para estudar porque naquela época a mulher era quase proibida de fazer faculdade, ser professora. Mulheres do século XIX e XX. Sabe? Não está tão longe assim! As mulheres desse livro são um grito, um grito que ecoa a seguinte frase “Se não tivéssemos sido tão reprimidas, talvez o mundo estivesse melhor”. As mulheres desse livro são uma exceção, eu as saúdo não só por serem inteligentíssimas e notáveis em seus respectivos ramos, mas também pela coragem que tiveram para estudar quando não podiam estudar, para ensinar quando não podiam ensinar, pela coragem que tiveram de se levantarem, sozinhas, em meio à multidão de homens, e lhes ensinar uma lição não só científica, mas social e moral.     

   Mulheres, devemos nos unir, deixar essas cretinices criadas por outros, e pensar por nós mesmas. Competimos por tanto tempo, nos calamos durante tanto tempo e agora que podemos finalmente dizer “que loucura tudo isso!”, vamos nos minimizar a ter conversas ásperas de corredor? Nós somos mais que isso, nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo! E que o mundo mude para melhor… Um melhor pra todos!


terça-feira, 11 de agosto de 2020

Como tudo começou?

 

Como tudo começou?

Caros leitores, muitos de vocês não devem saber de onde veio a coluna do Batom Vermelho, quem teve a ideia, onde tudo começou. Hoje nós, as garotas do Batom Vermelho, viemos contar um pouco da nossa própria história e como ela tem a ver com a importância de informar devidamente as pessoas.

  Há cinco anos, eu (Vitória Gava), uma das criadoras da coluna, ouvi falar pela primeira vez de feminismo, na internet. Era um meme que falava sobre feminismo, não sei ao certo o quê, mas a coisa que me chocou de verdade foi uma pergunta de um homem nos comentários, que tratava de um assunto já falado aqui na coluna, o comentário era “Se o machismo não é bom, por que o feminismo seria?”. Esta pergunta me instigou, colocou uma pulguinha atrás da minha orelha, naquele momento eu tive a mesma dúvida. E foi assim, com um simples comentário que tudo isso começou.

  Eu me perguntava “O que o feminismo prega? Será que ele também é ruim como o machismo? Por que as pessoas parecem tão dispostas a falar sobre isto? Será que é algo importante?”. Mas eu, como boa curiosa que sou, resolvi ir atrás das respostas. Neste momento abriu um mar de rosas em minha frente, meus olhos brilharam, afinal, eu nunca havia entendido por que rosa é cor de menina e azul de menino, não faz o menor sentido! (Até hoje não faz!). Nunca havia entendido por que os irmãos de todas as minhas amigas que tinham irmãos ficavam na frente da TV ou videogame o dia todo enquanto as irmãs, muitas das vezes mais novas que eles, tinham que ajudar suas mães nos afazeres domésticos, e até ajudar a cuidar dos irmãos mais novos enquanto a mãe trabalhava (as meninas tinham 12 anos e já limpavam a casa toda, chegavam da escola, faziam almoço e depois ficavam cuidando dos irmãos mais novos) e isso não era mil novecentos e guaraná de rolha não! Era 2015! E não eram uma ou duas amigas, era a maioria! Na minha cabeça, já não cabiam mais pulguinhas, eu era vestida de questionamentos, e quando eu perguntava a algum adulto sobre este fato, ele apenas dizia: “Aaaah, ele não faz nada porque é homem”, “Mulher tem que fazer as coisas, homem não”. Desde criança, ser homem já parecia uma vantagem.

  Então, mesmo com a pouca idade, eu já entendia bem o que o feminismo queria: igualdade. Ele explicava as minhas dúvidas sobre desigualdade de gênero, sexismo rivalidade feminina, dentre tantas outras coisas que caberia citar, e ele propunha uma sociedade mais justa, mais racional, sem se basear em estruturas passadas que não fazem sentido. O feminismo propunha, na minha visão, um mundo melhor.

  Mas quando comecei a falar para as pessoas sobre isto, eu fui xingada, coagida, até mesmo ameaçada de ser agredida. Nesse momento, eu tive medo, pensei “Acho que o feminismo não deve ser algo tão bom assim”. Sim, tudo na minha vida parece ser muito intenso, e de fato é, eu que costumo falar muito, me calei, as pessoas me falavam coisas que eu não entendia, falavam que as feministas eram contra a igreja, que elas eram fedidas e tinham as axilas peludas; as pessoas me diziam para eu não me tornar aquele bicho horrendo que era uma feminista, e eu calada, não entendia, “Como o mar de rosas se cobriu de esterco? Onde está este lado obscuro do feminismo que eu não consigo ver, mas que todo mundo me diz? Onde foi que o sonho se tornou pesadelo?”. Eu, como boa curiosa que sou, resolvi ir atrás das respostas, mas elas não estavam na internet, foram anos para encontrá-las, cerca de quatro; li inúmeros livros, tive o prazer de conhecer uma das autoras pioneiras a escrever sobre feminismo no Brasil, propus, com a ajuda da professora de sociologia e filosofia Ernestina, “Cafés Filosóficos” com este tema, não com o intuito de passar conhecimento, eu queria mesmo era aprender! Mas nada das respostas…

  Por um tempo eu concluí que eu não sabia o que era feminismo… Parecia que eu via tudo por uma bolha cujo cheiro era agradável tal como o perfume das rosas, mas na verdade o feminismo era ruim! Pecador! Mal lavado e podre! Eu me sentia sozinha e eu só queria que alguém me tirasse daquele lugar, para que eu pudesse desfrutar da verdade.

  E eu só a encontrei quando eu parei de focar na minha bolha e comecei a olhar para mim mesma, afinal, eu havia feito tantas coisas, durante tanto tempo, para descobrir o que era feminismo e eu não via esse movimento como algo tão horripilante e asqueroso assim. Pensei “Eu li tantos livros, inclusive conversei com a autora de um deles, propus debates, pesquisei, li sites, jornais, as pessoas que me falam o que o feminismo é e o que ele não é têm que saber mais do que eu, certo?" Certo! Perguntei-me se elas sabiam, e a resposta era não! Foi quando eu decidi abrir o jogo e levantar bandeira. Eu perguntava sobre as fontes das outras pessoas nas discussões, eu perguntava o que as pessoas sabiam sobre o feminismo e elas sabiam muito pouco ou nada! Percebi que os ignorantes que diziam o que o feminismo era às vezes tinham a primeira das minhas dúvidas, às vezes a segunda ou a terceira… Eram pessoas tão sedentas de respostas que sucumbiam à ignorância para ter alguma, mesmo se ela estivesse tão errada. Foi quando eu percebi que precisava informar as pessoas, tirar as pulguinhas de trás das orelhas delas, antes que elas pesassem tanto que caíssem no chão e começassem a dizer bobagens. E então eu percebi que eu tinha embasamento e temas mais que suficientes para ter uma Coluna no jornal da escola e convidei uma amiga minha para embarcar nesta jornada comigo, preenchendo cabeças com conhecimento, corações com paz e a sociedade com mais igualdade.

 Hoje, eu agradeço a minha amiga Isabela Andrade por ter criado esta coluna comigo, sem ela isto não existiria. E mesmo que às vezes as amizades se vão, Isa, saiba que uma parte da pessoa fica, como uma semente plantada no coração, que enobrece e dá vida quando as flores se abrem e você, com certeza, é uma semente de girassol plantada em meu coração, mesmo que um dia não caiba a nós escolher ficar, haverá sempre um amarelo dentro do peito. Muito obrigada.

  Agradeço também a professora de Português e Inglês Paula Campos, que sempre dedicou suor a colocar meus textos de pé, a “professorinha” que criou este projeto tão maravilhoso que é o Tribuna, sempre me motivou a ser poeta, escritora e desenhista.

  Mas agradeço principalmente a você, caro leitor, ainda mais se chegou ao fim do texto e doou um pouco do seu tempo a me conhecer um pouco melhor, saiba que meu coração jorra felicidade ao saber que há um par de olhos descendo os versos do texto, olhos focados a aprender, olhos dedicados, olhos curiosos assim como os meus até hoje permanecem.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

A construção da masculinidade frágil na sociedade


A construção da masculinidade frágil na sociedade

Desde muito tempo os meninos são criados para serem fortes, brutos e inflexíveis. Na antiguidade, isso era justificado com o fato de a vida ser difícil, os homens terem que trabalhar para sustentar a família e ir para guerras em que seu povo se envolvia. Os rapazes não podiam demonstrar sentimentos, cuidar de si mesmos ou fazer qualquer coisa que ferisse sua masculinidade.
Pois bem, séculos se passaram e muitos desses pensamentos ainda são presentes na criação de vários meninos. Muitas vezes, podemos ver isso com clareza em pequenos gestos; um exemplo que podemos citar é quando um menino chora e um adulto o manda parar de chorar porque isso não é coisa de homem. A partir disso e várias outras atitudes que os adultos têm com as crianças, os meninos são condicionados a construírem uma masculinidade frágil, tendo que se podar o tempo inteiro para não parecer, de forma alguma, "menos homens". Esse tratamento social chega a ser tão forte que até as próprias crianças se cobram uma masculinidade inquebrável, vindo (em alguns casos) a ocorrer bullying.
As crianças crescem e aprendem a ser alguém totalmente diferente do que realmente são, tendo que se preocupar com o que estão vestindo, se estão sendo dóceis demais, ou andando de uma maneira máscula o suficiente. Eles aprendem a se fechar e ter um pensamento totalmente ultrapassado, que vem de séculos atrás.
Tudo isso resulta em pessoas que não sabem lidar, falar ou expressar seus sentimentos, podendo vir a desenvolver depressão, ansiedade e vários outros problemas psicológicos.
O feminismo não é uma luta para beneficiar apenas as mulheres, mas os homens também! Todos estamos em processo de evolução e desconstrução e isso inclui os homens e seus atos. As pessoas não têm que se sentir mais pressionadas pela sociedade para seguir o padrão. A masculinidade frágil fere e por isso temos que acabar com ela.

terça-feira, 7 de julho de 2020

SE O MACHISMO NÃO É BOM, POR QUE O FEMINISMO SERIA?


SE O MACHISMO NÃO É BOM, POR QUE O FEMINISMO SERIA?

  Olá, caro (a) leitor (a), se você se assustou com o título deste texto, pode ir acalmando seu coraçãozinho; agora, se você sempre teve esta dúvida e a manteve em segredo, aconselho a ler o restante do texto para acabar de vez com as suas aflições.
  O erro desta frase “se o machismo é ruim, o feminismo também é” e todas as suas variações, é um erro de iniciante, mas não se preocupe, é super comum! Até mesmo estas meras autoras já tiveram dúvidas quanto ao assunto, e as dúvidas se resolvem com aprendizados, informações e pesquisas, muuuitas pesquisas! (Mas pode ficar tranquilo (a) que eu já fiz o trabalho pesado para você). Primeiramente, o que é machismo? Machismo segundo o dicionário é:
1. Modos ou atitudes de macho. = MACHEZA
2. Comportamento ou linha de pensamento segundo a qual o homem domina socialmente a mulher e lhe nega os mesmos direitos e prerrogativas.
3. [Informal] Orgulho masculino exagerado. Definições de Oxford Languages

  E o que seria feminismo?
1.doutrina que preconiza o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade.
2.movimento que milita neste sentido.
3.teoria que sustenta a igualdade política, social e econômica de ambos os sexos.
Definições de Oxford Languages

  O quê?? Quer dizer que o machismo é o pensamento ou comportamento masculino que inferioriza ou agride as mulheres enquanto o feminismo busca por um mundo com mais igualdade entre homens e mulheres? SIM!, amado (a) leitor (a)!   
 
  Mas agora você deve estar se perguntando se o machismo e o feminismo não são antônimos (Antônimo é um substantivo ou adjetivo que descreve uma palavra que tem um significado oposto em relação a outra palavra. Por exemplo: caro é antônimo de barato.) Qual seria o contrário de machismo? Ou seja, o comportamento ou pensamento que faz a mulher como superior, dominando socialmente os homens? O nome desta palavra é femismo, vou dizer de novo FEMISMO. Não, não tem erro de digitação nem nada, o significado de Femismo é a ideologia que prega a superioridade do gênero feminino sobre o masculino. É considerado o equivalente ao machismo, mas fazendo com que os oprimidos sejam os homens, enquanto que as mulheres seriam as opressoras.

  Espero que você tenha aprendido um pouquinho mais hoje e se sua cabeça ainda está cheia de dúvidas, pode entrar em contato conosco, fazer sugestões de temas ou dialogar:
Gmail: meninaquenaotiraobatomvermelho@gmail.com
Instagram: @Vitymara e @isab3ela_andrad3

Com carinho; as autoras.

terça-feira, 9 de junho de 2020

O poder da desconstrução



O poder da desconstrução


Todos nós somos, no fim, poeira de estrelas, e nossos pensamentos são castelos de areia que construímos durante o tempo; quanto mais vivemos, mais aprendemos, e cada vez mais podemos construir novos pilares, fazer obras de arte incríveis, modelar sonhos, ideias, pensamentos e, quando achamos que terminamos, o universo vem nos ensinar sobre nossa pequenez, lembra-nos de que existem outras formas de construir os castelos, outros formatos, outras cores, em que talvez não havíamos pensado. Às vezes nos orgulhamos tanto das nossas ideias que vamos sufocando outras pessoas, desmanchando castelos alheios, desejando que o mar os apague, mas lá vem o universo de novo mostrar que não estamos sozinhos, mostrar que nem sempre estamos certos e que nossas construções podem machucar. Não é fácil se esforçar, aprender, ver a obra concreta a sua frente e dar espaço para a desconstrução, para um novo formato, talvez menos pontiagudo, talvez mais forte.
A verdade é que não sabemos o porquê, não sabemos a resposta, não sabemos nada. Como o próprio Sócrates já disse: "Só sei que nada sei". Essa frase mostra nossa ignorância, e nos submete a aprender, de novo e de novo, afinal, quem pode dar a certeza de qualquer coisa na vida?
Se não sabemos o que é certo, arrisco-me a dizer que a mudança é favorável, pois talvez uma hora a gente acerte e deixe a vida mais fácil, mais feliz. Uma vez, ouvi dizer que "Ficar em constante mudança é a mesma coisa de não chegar a lugar nenhum", mas eu digo "Mudar te faz chegar a vários lugares e te faz conhecer novos horizontes".
Porém é importante discutir sobre nossos pensamentos, nossos castelos, pois só compartilhando é que vamos abranger cada vez mais o mundo e fazê-lo suscetível a mudanças tão necessárias.
Por isso nós, as meninas do batom vermelho, decidimos começar esta coluna, para mostrar a importância de algumas mudanças na sociedade, mas mais do que isto para compartilhar, abrir espaço a discussões e, principalmente, aprender, para também mudarmos.